31.8.09

a noite abrir-nos-á



(fotografia de miles aldridge, "home works #3", s/d)


18.

ensina-me de como se alimenta
o fogo, corpo de rasto preto,
imensidão clara,
imanente à vertigem das areias

debaixo do vestido, não há religião
nem nada se religa a nada:
escreve-se o poema como se escreve
a água caminha torta
pelos aluviões espessos de luz.

jorge vicente

a noite abrir-nos-á



(vídeo de karen russo, "economy of excess", 2005)


17.

no interior de cada um dos
pedaços do corpo, anoitece
o sexo e a terrível vertigem

das casas.

o que morre: deixa ficar nos
olhos que não fecham.

jorge vicente

29.8.09

a noite abrir-nos-á



(quadro de gottfried helnwein, "untitled (the disasters of war 6)", 2007)


16.

entre as montanhas do velebit
e os lagos de plitvice,
os maravilhosos lagos de água
silenciosa e pura
que tornam famosa toda a região
nordeste da croácia,

entre essas cordilheiras brancas,
que protegem a costa do vento,
e os lagos: imensos socalcos de
árvores e jardins, turistas e
jovens homens de negócios,

entre o cume do mundo
e o ar da chuva que consome plantas,
animais, seres do interior da terra
e dos livros de fantasmas de toda
a região norte,

entre esse mundo e o outro
mais perfeito,
muitas campas rasas escolhem
o seu lugar junto à estrada.

dizem: não houve dinheiro para fazer
um jazigo que pudesse celebrar
a vida daqueles que, em tempos,
trabalhavam de solo a solo e que
amavam, dançavam, riam e comiam
no ajuntamento das estrelas,

entre as montanhas do mundo mais
à frente e dos lagos que tocavam os
seus dedos.

dizem: não houve tempo para
celebrar e para regressar à
verdadeira génese das plantas
e dos solos. apenas
se amontoam crianças, velhos
e os homens que amavam e riam
e dormiam no colo dos pais.

entre as montanhas do velebit e as
águas de plitvice, não há mais
lugares de memória.

jorge vicente

a noite abrir-nos-á



(escultura de allen jones, "dangerous curves", 2008)


15.

há um ardor metálico
nas vielas que rompem da pele:
o espaço entre os espaços,
os dedos entre o limite dos dedos

por entre ou para além do
corpo, a voz sussurra
silêncios.

jorge vicente

27.8.09

a noite abrir-nos-á



(fotografia de eugenio recuenco, retirada daqui)


14.

quando o espírito deixa de ser espírito,
nada mais resta senão a roda,
os olhos de invasão lunar:

gérmen, pedra, saliva de dedos
em areia de pó.

jorge vicente

a noite abrir-nos-á



(fotografia de nobuyoshi araki, "untitled", 1997)




13.

dizem que a poesia é um modo
de chamar os homens,
de aspirar ao corpo,
de ser esse corpo,
de transformar esse corpo
em bruma de palavras

o sublime mistério
o ardor quando os dedos
tocam a esfinge

a lua dourada que sai da
terra e aspira ao sexo.

jorge vicente

25.8.09

madagascar: escape 2 africa, de eric darnell e tom mcgrath



(wallpaper de madagascar: escape 2 africa)


é interessante: a grande maioria dos filmes de animação que vejo considero-os excelentes, o que não se passa com as outras produções de hollywood. talvez porque, no cinema de animação, estamos mais perto daquele estádio em que fomos felizes ou em que poderíamos ser felizes: o estádio da infância, o estádio em que somos mais pequenos, mais puros e, por isso, mais sujeitos ao enamoramento da vida. o cinema de animação faz-nos retornar, assim, a um período primário, original, visceral, um estado de infância da consciência. e, assim, todo o desenho animado é um retornar a essa fase.

no meu caso, esse retornar assume, muitas vezes, a forma do "scrat" da idade do gelo, do cão sábio gromit, do burro de shrek ou da intrepidez e alegria de viver de alex, o leão dançarino de madagascar: escape 2 africa. confesso: ainda não vi o primeiro, parti logo para o segundo e logo me tomei de amores pela paisagem do kilimanjaro, que aparece nos primeiros momentos do filme. mas mais não vou dizer a não ser que em áfrica os animais também dançam e fazem coreografias. ainda mais deslumbrantes que nós, adultos.

jorge vicente



(trailer de madagascar: escape 2 africa)

24.8.09

píndaro



(fotografia de elliott erwitt, "newyorkcity", 1953)




"My soul, do not seek eternal life, but exhaust the realm of the possible" (1)

píndaro



(1) PÍNDARO apud PULLMAN, Philip - The Amber Spyglass. London: Scholastic Press, 2001. ISBN 0-439-99414-4. pg. 509.

23.8.09

ishi, karma e reencarnação




a primeira vez que tive contacto com ishi foi através do seu livro sexo tântrico, publicado pela colares editora em 2002. não o cheguei a comprar, mas despertou-me a atenção até porque a problemática do sexo tântrico estava a ser massificada até ao exagero nos jornais-tablóides nacionais. o livro de ishi parecia-me escrito por um oriental ou, pelo menos, por alguém profundamente influenciado pela verdadeira cultura oriental. anos mais tarde, comprei este karma e reencarnação, mas nessa altura já conhecia razoavelmente bem o trabalho de ishi embora nunca tivesse desenvolvido nenhuma actividade com ele.

ishi é (foi?) o responsável pela academia satsanga, uma das inúmeras academias/escolas de consciência desenvolvidas um pouco por todo o país. de acordo com o site, é "um encontro eclético entre o budismo e a moderna neurociência, de uma forma simples e acessível" (1). nela, desenvolvem-se várias práticas entre as quais: lama Yoga, treino psíquico e desenvolvimento emocional, meditação pura e meditação satsanga.

o livro de ishi, karma e reencarnação é, assim, o produto de um estudo muito profundo sobre toda a filosofia taoísta, budista, sobre o karma e sobre o fenómeno da reencarnação. não tem nem pode ter a profundidade filosófica de um estudo budista, mas é dos melhores que se pode arranjar sobre o tema, escrito por um português. é profundamente maduro, inteligente e perspicaz, até mesmo na crítica que faz a certos aspectos do budismo ou do taoísmo que estão profundamente enraízados na cultura oriental, mas que não se aplicam à nossa cultura, mais voltada para fora, para a vida activa. ou seja, para um povo que não consegue entender a pureza dos ventos dos himalaias.´

jorge vicente




(1) Site da Academia Satsanga [Em Linha]. [Consult. 29. Jun. 2009 04.17] Disponível em WWW: http://ishi.no.sapo.pt/academia.htm

un chien andalou, luis buñuel e salvador dali



(imagem de un chien andalou de salvador dalí e luis buñuel)


quando chegou a paris em 1925, luis buñuel era um completo desconhecido. vindo de madrid, da universidade, onde tinha conhecido salvador dalí e federico garcia lorca, buñuel tinha decidido partir para paris, a capital cultural da europa, o palco de um dos movimentos artísticos mais inovadores do século xx: o surrealismo.

em 1926, iniciou-se no mundo da sétima arte trabalhando com o realizador jean epstein, assistindo-o na realização do filme mauprat. seguidamente, trabalhou com mario nalpas (la sirène des tropiques), novamente jean epstein (la chute de la maison usher) e... salvador dalí.

a primeira ida de salvador dalí para paris foi em 1926, altura em que conheceu pablo picasso, a quem reverenciava. no entanto, ainda não se tinha consagrado definitivamente no palco surrealista, o que viria a acontecer quando se uniu a buñuel para concretizar uma das obras cinematográficas mais geniais da história da sétima arte: un chien andalou. corria o ano de 1929.

não vou falar do filme, vou apenas partilhá-lo pois ele encontra-se online, à disposição de todos. tentem não o compreender até porque a arte surrealista não é uma arte da compreensão, mas sim da descoberta e da sensação. uma arte do subconsciente e da matéria com que são feitos os sonhos.

jorge vicente



19.8.09

christina rossetti



(pintura de martin drolling, "a young lady reaching for a guitar at a stone casement and a boy playing the flute beyond", s/d)



"The birthday of my life is come, my love has come to me" (1)

christina rossetti



(1) ROSSETTI, Christina apud PULLMAN, Philip - The Amber Spyglass. London: Scholastic Press, 2001. ISBN 0-439-99414-4. pg. 480.

18.8.09

"40" (u2)



(fotografia de bruce davidson, "boy on bed with bare light bulb in ceiling (east 100th street), s/d)


"I waited patiently for the Lord
He inclined and heard my cry.
He brought me right out of the pit,
out of my miry clay.
I will sing a new song,
How long to sing this song?
He set my feet upon a rock,
and made my footsteps heard.
Many will see,
Many will see and fear.
I will sing, sing a new song.
How long to sing this song?" (1)

u2

(1) retirado do cd dos u2, war (1983)

16.8.09

"reality is a ride on the bus" (mister chi pig)



(fotografia de bruce davidson, "freedom ride from montgomery, al to jackson, ms 1961 (time of change)", 1961)


"My face is buried inside a book
Everybody's wearing a haggard look
The sirens scream, a baby cries
Everyday on this bus I ride

There's a man to my left
Who's got a stump for a hand
I'm staring into a giant cyst
Growing on the face of a Chinese man

Reality is a ride on the bus

The mongoloid is in the back
He's having his snot for lunch
There's a loud mouth sitting next to me
The one that everybody wants to punch

Reality is a ride on the bus

So hop on board and step inside
This sardine can on wheels we'll ride" (1)

snfu


(1) retirado do cd dos snfu, something green & leafy this way comes (1993)

death proof, quentin tarantino



(imagem de death proof de quentin tarantino)


não me importa que vocês detestem o filme (ou o adorem), mas o quentin tarantino é um dos melhores realizadores norte-americanos contemporâneos. tem um sentido imaginativo muito forte, cada filme dele é uma sentida homenagem aos filmes do passado como que recriando-os, reimaginando-os, fazendo de novo e de forma original. ou seja, um estilo muito próprio que foi (tem sido) imitado um pouco por todo o lado.

neste filme (death proof), tarantino recria as sessões de grindhouse, que eram sessões-duplas de filmes de série b, normalmente muito maus e de orçamento limitadíssimo. no projecto de tarantino grindhouse, foi também exibido o filme planet terror, de robert rodriguez. A música disco dos anos 70, os mesmos décors, aquelas pequenas paragens que muitos filmes de série b tinham, as personagens femininas, eróticas e sempre vítimas de um assassino predador. todos estas características foram muito bem exploradas por tarantino e o filme nunca será bem apreciado se não tivermos em consideração este pequeno pormenor: death proof é uma homenagem, é uma reapropriação, é um fazer de novo. é, enfim, a magia do cinema que se recria constantemente.

jorge vicente



(trailer de death proof, de quentin tarantino)

12.8.09

"a case of you" (joni mitchell)



(fotografia de bruce davidson, "lefty with girl in back seat of car (brooklyn gang)", s/d)

"Just before our love got lost you said
I am as constant as a northern star
And I said, constantly in the darkness
Where's that at?
If you want me I'll be in the bar

On the back of a carton coaster
In the blue TV screen light
I drew a map of Canada
Oh Canada
With your face sketched on it twice

Oh you're in my blood like holy wine
You taste so bitter and so sweet
Oh I could drink a case of you darling
And I would still be on my feet
Oh I would still be on my feet

Oh I am a lonely painter
I live in a box of paints
I'm frightened by the devil
And I'm drawn to those ones that ain't afraid
I remember that time that you told me, you said
Love is touching souls
Surely you touched mine
Cause part of you pours out of me
In these lines from time to time

Oh you're in my blood like holy wine
You taste so bitter and so sweet
Oh I could drink a case of you darling
Still I'd be on my feet
I would still be on my feet

I met a woman
She had a mouth like yours
She knew your life
She knew your devils and your deeds
And she said
Go to him, stay with him if you can
But be prepared to bleed

Oh but you are in my blood you're my holy wine
You're so bitter, bitter and so sweet
Oh I could drink a case of you darling
Still I'd be on my feet
I would still be on my feet" (1)

joni mitchell


(1) retirado do cd de joni mitchell, blue (1971)

9.8.09

"the paradoxical spiral" (tomas haake / marten hagstrom)



(fotografia de carl chiarenza, "menotomy, 56", 1980)


"Non-physical smothering.
Asphyxiation by oxygen hands
Drowning in the endless sky.
In ever-downward dive, only to surface
The sewage of indecision,
On which all sense of self is afloat
The vortex-acceleration a constant.
Resolute in purpose its choking flow" (1)

meshuggah


(1) retirado do cd dos meshuggah, catch thirty-three (2005)

"suzanne" (leonard cohen)



(fotografia de bill brandt, "east sussex", 1958)


"Suzanne takes you down to her place near the river
You can hear the boats go by
You can spend the night beside her
And you know that she's half crazy
But that's why you want to be there
And she feeds you tea and oranges
That come all the way from China
And just when you mean to tell her
That you have no love to give her
Then she gets you on her wavelength
And she lets the river answer
That you've always been her lover
And you want to travel with her
And you want to travel blind
And you know that she will trust you
For you've touched her perfect body with your mind.

And Jesus was a sailor
When he walked upon the water
And he spent a long time watching
From his lonely wooden tower
And when he knew for certain
Only drowning men could see him
He said "All men will be sailors then
Until the sea shall free them"
But he himself was broken
Long before the sky would open
Forsaken, almost human
He sank beneath your wisdom like a stone
And you want to travel with him
And you want to travel blind
And you think maybe you'll trust him
For he's touched your perfect body with his mind.

Now Suzanne takes your hand
And she leads you to the river
She is wearing rags and feathers
From Salvation Army counters
And the sun pours down like honey
On our lady of the harbour
And she shows you where to look
Among the garbage and the flowers
There are heroes in the seaweed
There are children in the morning
They are leaning out for love
And they will lean that way forever
While Suzanne holds the mirror
And you want to travel with her
And you want to travel blind
And you know that you can trust her
For she's touched your perfect body with her mind." (1)

leonard cohen

(1) retirado do cd de leonard cohen, the essential leonard cohen (2002)

8.8.09

o rio da vida



(pintura de paul pascal, "the banks of the nile", s/d)


"Conta-nos uma história Sufi:

«Um rio provém da sua nascente longínqua. Atravessa inúmeros obstáculos, mas a sua tremenda força permite-lhe vencê-los. Um dia, as suas águas são absorvidas pelas vastas areias do deserto que encontra.

Uma voz proveniente das areias diz-lhe:

- Faz como o vento, que passa suave sobre as areias.

O rio estava convencido de que fazia parte do seu destino atravessar aquele deserto. Mas continua a ver as suas águas serem absorvidas e responde:

- O vento sobrevoa o deserto e eu não o posso fazer.

- Enquanto continuares a atirar-te às areias com ímpeto, serás na melhor das hipóteses um pântano, não continuarás a ser um rio.

- E que posso eu fazer?

- Consente em seres absorvido pelo vento.

O rio nunca tinha perdido a sua individaulidade. Tinha muitas dúvidas que ao perdê-la a conseguisse recuperar.

- O vento desempenha essa função. Eleva a água, transporta-a sobre o deserto e depois deixa-a cair como chuva que se converterá num novo rio.

- E como posso saber se isso é verdade?

- Porque assim é. E se não acreditas, não passarás de um pântano. Mesmo conseguir isso levará muitos anos. E um pântano não é a mesma coisa que um rio.

- Posso continuar a ser o mesmo rio que sou agora?

- Não podes em caso algum permanecer assim - respondeu a voz. - A tua parte essencial é transportada e forma novamente um rio. Ainda hoje és chamado assim por não saberes qual é a tua parte essencial.

Ao ouvir estas palavras, alguns ecos ressoaram nos pensamentos mais profundos do rio. Lembrou-se vagamente que, em determinada altura, ele ou uma parte dele, nem sabia qual, foi levada nos braços do vento. Também se lembrou, ou teve essa ideia, de que era o melhor a fazer, apesar de não ser a atitude mais natural.

O rio entregou os seus vapores aos acolhedores braços do vento que suave e facilmente o levou para alto e bem longe, deixando-o cair quando alcançaram o topo de uma montanha, muitas milhas adiante. E porque tivera as suas dúvidas o rio pôde recordar e registar com maior profundidade os detalhes desta experiência. e ponderou.

- Sem dúvida, agora conheço a minha verdadeira identidade.

O rio estava a fazer a sua aprendizagem, mas as areias sussurraram:

- Nós temos o conhecimento porque vemos isso acontecer todos os dias, porque nós, as areias, estendemo-nos por toda a distância que vai do rio até à montanha.

E é por isso que se diz que o caminho pelo qual o Rio da Vida tem de seguir na sua travessia está esctito nas Areias." (1)

uma história sufi


(1) ANÓNIMO apud ISHI - Karma e Reencarnação. Carcavelos: Angelorum, 2003. ISBN 972-8680-73-2. pg. 103-105.

4.8.09

good / evil



(imagem de vídeo de rustam khalfin e lida blinova, "bride and groom", 2001)


"
«When you stopped believing in God,» he went on, «did you stop believing in good and evil?»

«No. But I stopped believing there was a power of good and a power of evil that were outside us. And I came to believe that good and evil are names for what people do, not for what they are. All we can say is that this is a good deed, because it helps someone, or that's an evil one, because it hurts them. People are too complicated to have simple labels.»" (1)

philip pullman



(1) PULLMAN, Philip - The Amber Spyglass. London: Scholastic Press, 2001. ISBN 0-439-99414-4. pg. 470, 471.

3.8.09

alma/espírito/corpo



(estátua de auguste rodin, "pygmalion et galatée", s/d)


"The story was taking a long time; they wouldn't get to the world of the dead that day. As they neared the village, Will was telling Mary what he and Lyra had come to realize about the three-part nature of human beings.

«You know,» Mary said, «the church - the Catholic Church that I used to belong to - wouldn't use the word daemon, but St. Paul talks about spirit and soul and body. So the idea of three parts in human nature isn't so strange.»

«But the best part is the body,» Will said. «That's what Baruch and Baltamos told me. Angels wish they had bodies. They told me that angels can't understand why we don't enjoy the world more. It would be sort of ecstasy for them to have our flesh and our senses." (1)

philip pullman


(1) PULLMAN, Philip - The Amber Spyglass. London: Scholastic Press, 2001. ISBN 0-439-99414-4. pg. 462, 463.

2.8.09

william blake



(pintura de stephen hannock, "launch at dawn (mass moCA #69)", 2007)


"The morning comes, the night decays, the watchmen leave their stations..." (1)

william blake



(1) BLAKE, William apud PULLMAN, Philip - The Amber Spyglass. London: Scholastic Press, 2001. ISBN 0-439-99414-4. pg. 441.