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5.3.09

a noite abrir-nos-à



(pintura de francisco de goya, "witches in the air", s/d)


entrega a flor boa
e viola-me, como se eu
fosse um castelo sem pedras
e sem lugares. ama-me como
se dissesses adeus e te despedisses,
sem renunciares ao ínfimo sacrifício

da paixão.

ficou-me da lembrança clara dos
mortos a cantiga que desfolhaste

ao cair do teu amor. lembro-me das
chamas, dos olhares sem corpo,

do lírio vergastado e do amor
empilhado. os perfeitos julgavam

olhar no meu sorriso sem paz
o reaproximar do canto. sem uma

voz que socorra a chama e a invoque.

venham de mim todos os mortos
e todos os sacrifícios e todas

as pedras encostadas ao deus
moribundo. apenas visto a cor

da cinza, com os lábios encostados
em nada, senão em tudo.

montségur, lá no alto,
agiganta-me no pranto
e lança tudo sem ao menos
perguntar a lágrima

jorge vicente