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5.11.13

o movimento humano

(escultura de emilio greco, "grande bagnante II" (s/d)

"A vivência humana é extremamente rica e ampla, a própria linguagem socializada não é por si suficiente para traduzir essa riqueza das impressões vividas (...).

O movimento enriquece a linguagem e o corpo escolhe a palavra. Foi a melodia do gesto que socializou a forma de comunicação não-verbal e verbal (...).

A liberdade do movimento é a mais pura, é mediante ao gesto que a subjectividade alcança a vida. O movimento é a expressão mais sociológica da liberdade individual. A liberdade é uma conquista. É o movimento que possibilita e assegura sucessivamente a autonomia e a independência". (1)

vítor da fonseca

(1) FONSECA, Vítor da Fonseca in GÓIS, Cezar Wagner de Lima - Biodança: identidade e vivência. Fortaleza: Edições Instituto Paulo Freire do Ceará, 2002. p. 100.

24.9.12

A vivência



(pintura de henri matisse, "la danse" (1910)


"Que é a vivência? A vivência É. A vivência tem sentido, a vivência não separa minha alma da alma cósmica, como fazia o paradigma cosmocêntrico; a vivência não afasta meu corpo do meu espírito como fazia o paradigma teocêntrico; a vivência não hierarquiza a criação, não me torna dicotómico, como o faz o paradigma antropocêntrico. A vivência me funde com a Vida, me faz biocêntrico.(...)

Antes da vivência a Biodança é epistemologia (é sistema), é metodologia (tem uma teoria do método), é o «para si» (conhecimento de algo que está fora), a representação (símbolo). Ao entrar na vivência a Biodança desaparece, paradoxalmente abre a porta por onde ela mesma vai a desaparecer, para dar lugar à vivência. E a vivência é Ser. Afirmar o SER é ser ontológico, porém ontologia da vivência: simplesmente afirmando que o SER, que é auto-evidente, tem sentido em si mesmo, o ser estrutura estruturante: Bios". (1)

Custódio L. S. Almeida


(1) ALMEIDA, Custódio L. S. apud GÓIS, Cezar Wagner de Lima - Biodança: identidade e vivência. Fortaleza: Edições Instituto Paulo Freire do Ceará, 2002. p. 70.

1.8.12

o animal se revelou humano





(desenho de lucian freud, "after chardin" (2000)



"O animal comovido descobriu a vida e isto o fez espírito.



No instante em que a sensorialidade, por caminhos desconhecidos em seus aspectos mais íntimos, se desdobrou em sensibilidade, o animal se revelou humano, se presentificou como SER-NO-MUNDO-E-DO-MUNDO." (1)



cezar wagner de lima góis





(1) GÓIS, Cezar Wagner de Lima - Biodança: identidade e vivência. Fortaleza: Edições Instituto Paulo Freire do Ceará, 2002. p. 65.

8.6.12

o mover-se sensível



(desenho de william conor, "the children", s/d)


"Não foi qualquer acção que fez o ser humano, foi principalmente a acção sensível, o mover-se sensível, uma acção mais complexa e sutil tecida na rede neuropsíquica em formação. O animal podia agarrar qualquer objeto, como de fato o fazia, mas para «comover-se» com o ato de agarrar, movimentar ou balançá-lo de outro modo, foi necessária a emergência de uma sensação qualitativamente diferente das anteriores no momento da realização deste ato. Daí surgiu o ser capaz de olhar a montanha e sentir mudar sua respiração; ver e sentir silenciosamente o vôo do pássaro ou a água cristalina seguindo seu percurso de riacho, ora tranquila, ora rápida." (1)

cézar wagner de lima góis



(1) GÓIS, Cezar Wagner de Lima - Biodança: identidade e vivência. Fortaleza: Edições Instituto Paulo Freire do Ceará, 2002. p. 67.

Estas duas últimas três semanas têm sido muito complicadas a nível laboral: muito trabalho, muito empenho, falta de tempo. Por isso, mando hoje um texto tão pequeno, mas tão importante! Um texto que destrona um pouco a ideia de que o ser humano tornou-se humano quando começou a pensar, quando o cérebro se desenvolveu. Para Cezar Wagner, não foi isso que transformou o humano em humano, mas sim o mover-se com afectividade, o chorar com sensibilidade, o admirar-se pela Paisagem e pelas maravilhas da Vida e da Terra.

 Como todos sabem, ste post está inserido na iniciativa Teia Ambiental, idealizadas por Flora Maria e Gilberto da Cunha Gonçalves. O blog da Flora: http://floradaserra.blogspot.com/

Muitos abraços para todos
Jorge Vicente

24.5.12

"tecer a vida..." (cezar wagner de lima góis)



(escultura de selma burke, "mother and child", 1950))


"Encontrar-me brotando
No amor que fracassa e que floresce
No amigo que encontro
Na cidade que construo contigo
Nos filhos que me ensinam
O que não consegui ensinar-lhes
Na passagem dos anos
No tempo e no não-tempo
Do amar." (1)

cezar wagner de lima góis



(1) GÓIS, Cezar Wagner de Lima - Biodança: identidade e vivência. Fortaleza: Edições Instituto Paulo Freire do Ceará, 2002. p. 44.

18.5.12

"participar da vida..." (cezar wagner de lima góis)



(pintura de john carlton atherton, "eclipse", 1937)


"Olhar a noite escura
E de pé, de rosto para as estrelas
Ser viagem, tornar-se luz
De muito longe, de todos os lugares
Homem-Estrela
Adormecer na noite
Silêncio de Sábio
Quietude de recém-nascido
Viajar em tempos e espaços dobrados
De magia e estórias sem fim
Sem temer planícies e abismos
Navegar e ser criança
Andar e voar por montanhas contigo
E tanto mais
Enfrentar o sombrio lago, mar tenebroso
Das fantasias, do terror, do poder
E brincar com inocência e arte" (1)

cezar wagner de lima góis


(1) GÓIS, Cezar Wagner de Lima - Biodança: identidade e vivência. Fortaleza: Edições Instituto Paulo Freire do Ceará, 2002. pp. 43, 44.

10.4.12

"tecer a vida" (cezar wagner de lima góis)



(quadro de arthur wesley dow, "rain in may", circa 1907)


"Encontrar cores
Na terra molhada, na água da chuva
No sol da manhã entre as nuvens
No pássaro que pousa na árvore
Próximo ao seu ninho" (1)

Cezar Wagner de Lima Góis


(1) GÓIS, Cezar Wagner de Lima - Biodança: identidade e vivência. Fortaleza: Edições Instituto Paulo Freire do Ceará, 2002. p. 42.

20.3.12

a visão biocêntrica



(fotografia de robert doisneau, "la derniere valse de 14 juillet", 1949)

"A visão biocêntrica não se confunde com a idéia de um Deus antropomórfico. Esse Deus está morto. Ela surge da vivência do sentir-se vivo, do sentir-se como parte da criação, como expressão da auto-poiese cósmica.

Aqui, o sentir-se vivo é o fundante, é o que fortalece e revela a identidade como expressão natural, espontânea e histórico-social da vida, surgindo como singularidade, como auto-poiese particular da auto-poiese cósmica. O Mestre é a Natureza em nós.

Do sentir-se vivo é que surge a percepção do si-mesmo, de um sentimento de vida, o qual vem da Biologia em direcção à Psicologia (...), da transformação do animal em espírito enraizado, ou corporeidade vivida. É a mudança do selvagem em linguagem e sua volta a um lugar anterior e fonte de sua aparição concreta em um mundo natural e espontâneo - a vida animal. Ao voltar à fonte animal, à natureza, conecta-se a uma verdadeira conspiração pelo ato de viver. (...)

Sinto com profundidade a conspiração pelo ato de viver, a existência de uma essência humana libertária, em algo vital que impulsiona o ser à vida e a algum lugar do infinito, cuja origem não está na consciência ou em qualquer forma de representação mental e sim em nossa raiz animal e selvagem, mundo bruto e indiviso. Encontramos aí a vida como possibilidade muitas vezes bloqueada, reprimida, negada, porém sempre presente. Só desaparece com a destruição do ser." (1)

Cezar Wagner de Lima Góis


(1)GÓIS, Cezar Wagner de Lima - Biodança: identidade e vivência. Fortaleza: Edições Instituto Paulo Freire do Ceará, 2002. p. 39.

6.3.12

"dança" (cezar wagner de lima góis)



(desenho de aleksandar duravcevic, "ballerina" (2008)


DANÇA

"Movimento do gesto,
movimento das vísceras
e dos nossos líquidos,
movimento geral
do corpo no espaço
desenhando no ar
a forma da liberdade
... emergindo da expressão.
Movimento da vida humana,
desdobrado
do movimento cósmico,
holofluxo
da dança das energias/partículas,
do pólen e das estrelas,
dança de determinações
e incertezas,
dança da harmonia germinando o Caos
e este, como pai,
germinando a mãe, que o gerou.
Dançar é nascer do útero e pintar
na tela da realidade
a existência,
bem antes de conhecê-la." (1)

Cezar Wagner de Lima Góis



(1) GÓIS, Cezar Wagner de Lima - Biodança: identidade e vivência. Fortaleza: Edições Instituto Paulo Freire do Ceará, 2002. p. 29.

13.1.12

"rosto" (cezar wagner de lima góis)



(fotografia de lygia clark, "máscara sensorial" (1967-1968)


"ROSTO

Não vejo seu rosto
Perdoa por não te ver
Estou tão distante!
Como te chamas?

FOME!?

Não vejo teu rosto
Perdoa por não te ver
Estou tão ocupado!
Como te chamas?

BÓSNIA!?

Não vejo teu rosto
Perdoa por não te ver
Estou tão ansioso!
Como te chamas?

MENINO DE RUA!?

Não vejo teu rosto
Perdoa por não te ver!?
Estou tão solitário!
Como te chamas?

DESEMPREGO!?

Não vejo teu rosto
Perdoa por não te ver
Estou tão inseguro!
Como te chamas?

INJUSTIÇA!?

Não vejo teu rosto
Perdoa por não te ver
Tenho muito medo!
Faz frio!
Como te chamas?
Por favor!
Como te chamas mesmo?

AMOR!" (1)

cezar wagner de lima góís




(1) GÓIS, Cezar Wagner de Lima - Biodança: identidade e vivência. Fortaleza: Edições Instituto Paulo Freire do Ceará, 2002.