doença e honestidade
(fotografia de bill jacobson, "5044", s/d)
"Apesar de toda a gente à minha volta se esforçar ao máximo por estar alegre e optimista, por qualquer razão o efeito em mim era precisamente o oposto. Ser subitamente empurrada para uma situação em que toda a gente se comportava de forma positiva quando estava perto de mim fez-me aperceber até que ponto deixara de fazer parte desse mundo.
Os médicos e enfermeiras que tratavam de mim não podiam ter sempre um bom dia. Deviam estar cansados de me virar na cama ou de me ouvirem queixar. Mas eu nunca vi isso. A analista que me tirava sangue devia ficar frustrada por as minhas veias serem tão difíceis de encontrar. Mas sorria sempre, por entre dentes cerrados. Muitas vezes ouvi o pessoal médico falar do lado de fora da minha porta em tons agitados. Mas depois apareciam sempre no meu quarto como se fossem actores a entrar em palco num papel bem ensaiado.
O mesmo acontecia com a minha família e os amigos. Todos tentavam ajudar dizendo-me que eu era fantástica e corajosa. Até o homem da minha vida me tratava de maneira diferente. Eu sabia que ele devia ter sentido alguma injustiça por estar envolvido com uma mulher moribunda - uma evolução com que nunca contou. No entanto, nunca mo exprimiu. Claro que a sua intenção era proteger-me, mas eu teria muito para lhe dizer. Em vez de sondar as suas emoções, que me teriam incluído no processo da vida, deixei-me sentir excluída pelo seu silêncio." (1)
beyhan lowman
(1) LOWMAN, Beyhan apud SIEGEL, Bernie S. - Amor, medicina e milagres. 1ª ed. Lisboa: Sinais de Fogo, 2004. ISBN 972-8541-47-3. pg. 263, 264.