28.6.07

Desencontros (John Curran)




(imagem do filme Desencontros - We Don't Live Here Anymore, de John Curran)

O cinema norte-americano é, sem margem para dúvidas, o melhor cinema do mundo, apesar dos excessos hollywoodescos da maior parte dos filmes exportados para a Europa e para o resto do mundo. Ou seja, existe um universo em cada esquina, em cada recanto escondido e onde se podem encontrar pérolas, às vezes pequeninas, outras maiorzinhas (como este filme de John Curran, Desencontros), outras do tamanho do Universo Maior (como o filme Podes Contar Comigo, de 2000).

Existe o mito de que o cinema estrangeiro é mais artístico, um mito que tem um não sei quê de verdade, mas se repararmos para o mercado de vídeo, notamos que o cinema francês que aparece nos escaparates não é assim tão bonito ou artístico como aquele que é vendido pelo King, pelo Nimas, pelo Quarteto ou por todos aqueles cinemas alternativos que a nossa cidade de Lisboa tem. Provavelmente, cinema é apenas cinema e não deve ter nacionalidade, mas custa ver certos filmes ignorados e remetidos para o vídeo ou para o esquecimento.

O filme que vi ontem é um caso perfeito disso. Chama-se Desencontros (We Don't Live Here Anymore, no original). É um filme norte-americano datado de 2004, muito interessante, embora discreto. Realizado por John Curran, conta com as participações de Mark Ruffalo, Naomi Watts e Laura Dern. É essencialmente um filme sobre pessoas, sobre sentimentos e emoções reais, sem concessões ao que a indústria de Hollywood nos tenta impingir. E isto é outro mito. Hollywood não equivale a cinema norte-americano. É apenas uma das partes. Mas, voltando ao filme, é um filme sobre pessoas e sobre o adultério. Narra a vida de dois casais, Jack e Terry Linden; Hank e Edith Evans. Jack tem um caso extra-matrimonial com Edith. Hank gosta e admira Terry.


E são essas vidas que nos atravessam os olhos. As dúvidas, os rancores, a aceitação, a partilha, os olhares. Isto apesar de o filme Podes Contar Comigo, que também conta com a participação de Mark Ruffalo, ser melhor. E com emoções mais fortes. Um autêntico filme de pele.

Jorge Vicente

25.6.07

Terra da Abundância (Wim Wenders)


(imagem do filme Terra da Abundância, de Wim Wenders)

Serão os Estados Unidos a terra da abundância onde nada faltará, onde as oportunidades de emprego e de riqueza surgem, quase que caídas de uma montanha imensa? Serão os Estados Unidos a terra da prosperidade, onde o sonho americano é muito mais do que um sonho, é a construção de um futuro real e ideal, o tal Paraíso que, desde sempre, levou milhares de imigrantes a desembarcarem nas margens do rio Hudson? Serão os Estados Unidos a terra da justiça, da liberdade, da grande verdade que convive diariamente com os desalojados do mundo inteiro?

(imagem de Terra da Abundância, de Wim Wenders)
Provavelmente, tais ideais não passarão de balelas e apelos ingénuos de sonhadores que acham que o mundo é perfeito e que os Estados Unidos serão o paraíso sonhado por muitos e muitos anos. Pois bem: depois do 11 de Setembro, tal esperança ruiu. Aquilo que vinha caindo progressivamente, caiu de vez e a América não é mais o paraíso dos Antigos. Agora, é considerado o cancro do mundo, com o medo e a violência estampados no rosto de um Presidente que mais não faz do que pôr para fora da boca os medos nacionalistas dos americanos. Mas, felizmente, para muitos, continua a ser a democracia por excelência, o "meu país" segundo as palavras de Lana, a personagem interpretada por Michelle Williams. Um país que, apesar dos defeitos, ainda é o país das oportunidades.

Neste filme de Wim Wenders, Terra da Abundância (Land of Plenty), apresentam-se as feridas causadas pelo 11 de Setembro de um modo como eu nunca vi. John Diehl é perfeito no modo como representa "Uncle Paul", o ex-combatente do Vietname que persegue terroristas um pouco por todos os Estados Unidos com vista a desmantelar células terroristas. Claro está que quase todos os árabes que ele considera terroristas são pessoas normais, com problemas e que a paranóia está apenas na sua cabeça. A ajudá-lo está Lana, a sobrinha missionária recentemente regressada do Médio Oriente. Juntos, nadam nas feridas de um país que se quer revitalizado e novo, mas que insiste em perseguir inimigos imaginários. É provavelmente um país que tem medo de se desenraizar.

Jorge Vicente

Eu Sou o Vosso Mestre Maior




Todos os dias (ou quase todos os dias) leio, antes de dormir, um capítulo sobre espiritualidade. Nos últimos tempos, tenho-me dedicado à nova espiritualidade que vai sendo escrita por aí, seja ela sobre angeologia, pensamentos positivos, ioga, meditação, etc. O último livro que acabei de ler insere-se naquilo que posso chamar "Literatura Sobre Canalizações", sendo que canalização é "o processo de contacto com seres de outras dimensões ou de outros locais do universo" (1). A literatura sobre canalização é um fenómeno relativamente recente, apesar do Espiritismo se ter aproximado através dos seus livros psicografados. Recordem-se os trabalhos de Francisco Cândido Xavier, os livros iniciais de Waldo Vieira, antes de se dedicar ao estudo da projecção fora do corpo, o próprio, os trabalhos do teorizador Alan Kardec, etc.


Agora, com o fenómeno da Canalização, a literatura tornou-se um pouco cor de rosa (aliás muito cor de rosa), mais bonita, com mensagens de paz e amor vindas do outro lado do espelho. As mensagens de Jesus estão lado a lado com as mensagens da deusa Yasmin, a Deusa do Amor Incondicional segundo as palavras da mesma (!), Maria Madalena, Maria, a Rainha Santa Isabel, Kryon, Shtareer, alguns seres de outros planetas, etc.


O livro que acabei de ler é justamente um deles, canalizado pela doutorada em Naturopatia Ana Paula Ivo, que recebeu as palavras de Jesus, o Mestre Maior. A primeira parte é interessante porque apresenta uma teoria diferente do universo quântico, da Geometria Sagrada, etc, mas sempre tendo em conta os novos desenvolvimentos da teoria que está por detrás da Canalização. Depois, há alguns exercícios que considero um pouco chatos para mim, excepto o exercício da mão não dominante, que considerei muito bom para o desenvolvimento das minhas capacidades poéticas. O exercício é mais ou menos assim: fechamos os olhos durante 10 minutos e, com a nossa mão não dominante (no meu caso, a esquerda), vamos rabiscando numa folha de papel cavalinho, ou seja, fazemos um desenho com os olhos fechados. Depois, abrimos e descrevemos aquilo que sentimos, experimentámos, etc. Claro está que aproveitava o desenho para escrever poesia, mas isso é a minha própria forma de canalizar com o outro mundo, o mundo da fantasia e que está para além de mim. Fora isso, o livro não foi muito interessante, apenas que existem novas teorias e que certas pessoas acreditam nelas. Longe está o período áureo da Espiritualidade em que poetas e autores desenhavam o espírito de mãos dadas com ocultistas e espiritualistas. Relembro os contactos de Madame Blavatsky e Fernando Pessoa.


Mas, quem sabe, a Poesia é a nova espiritualidade. E a forma mais especial de fazer amor.


E ah! O livro chama-se Eu sou o vosso mestre maior.


Jorge Vicente

19.6.07

Cabin Fever (Eli Roth)



(imagem do filme Cabin Fever)

A Cabana do Medo (Cabin Fever), realizado por Eli Roth em 2002, é um filme de terror. Contudo, consegue ser mais inteligente do que a maioria dos filmes do género. Provavelmente, por não se deter nos clichés já gastos do filme sobrenatural, onde a criatura dita maléfica mata toda a gente que encontra pela frente, nem pelos filmes ao modo do Scream, com assassinos psicopatas a perseguirem adolescentes ainda não entrados na vida adulta.

Este filme é bem diferente, o tema proposto é mais realista e está bem dirigido. Contudo, ainda apresenta alguns defeitos, próprios dos filmes de terror deste género: o tal efeito gore, que parece entusiasmar grande parte dos amantes de filmes de terror, os actores. Pois bem: o filme narra a história de um grupo de jovens que vai passar um fim-de-semana no interior dos Estados Unidos, junto de um lago. O lago está contaminado e todos eles são infectados por uma espécie de virus mortal. Para sobreviverem, começam a desconfiar um dos outros e a perseguirem-se mutuamente. Ou seja, uma espécie de Deliverance de terror. O que não é mau.

Jorge Vicente

16.6.07

In Nomine



(fotografia de Man Ray, "Élevage Des Poussières", 1920)

4.



a planície é o altar de deus
habitado pelos homens,


com a sombra do mar
pairando acima das asas.


a lágrima: caravela
que enche as águas
e as dominam no
corpo da trovoada.

Jorge Vicente

Descoberta do Inefável (Lêdo Ivo)


(quadro de Max Ernst)

"Sem o sublime. que é o poeta? Sem o inefável,
como se pode louvar, não traindo a si mesmo,
a plena e estranha juventude da moça a quem ama?
Que é o poeta, que imita as marés,
sem adquirir com o tempo uma serenidade de coisa sempre nua
como se as estrelas estivessem caminhando governadas pelo seu riso
e seus braços agitassem as árvores feridas pelo clarão da lua?

Sem que seu canto suba até aos céus, sufocante música da terra,
que é o poeta?
Libertado estou quando canto. E quero
que minha respiração oriente a vontade das nuvens
e meu pensamento de amor se misture ao horizonte.
Cantando, quero outubro, gosto de lágrima, salsugem,
no instante anterior ao despertar, folha voando.

Sem o inefável, que dura sempre, sem permanecer,
como conseguirei louvar essa moça a quem amo
e que nasce em minha lembrança plena como a noite
e triunfante como uma rosa que durasse eternamente
e não se limitasse à glória de um dia?
Sem o inefável, que valoriza as mãos e faz o Amor voar,
não poderei descer de repente
ao inferno do seu corpo nu.

O sobrenatural ainda existe. E não seremos nós
que alteraremos a indizível ordem das coisas
com as nossas mãos que poderão ficar imóveis
em pleno amor, diante do corpo amado.

É inútil pensar que os anjos morreram
ou se despaisaram, buscando outros lugares.
Eles ainda estão, unidade admirável do Dia e da Noite,
entre as nuvens e as casas em que moramos.

Repentinamente, as vozes da infância nos chamam para a féerica
[viagem
e lembram que podemos fugir para o longe guardado ainda
[no sempre.
Então, nossas necessidades não se reduzem apenas a comer,
[dormir e amar.

Temos necessidade de anjos, para ser homens.
Temos necessidade de anjos, para ser poetas.

Vem, incontável música, e anuncia
(o poeta e ao homem, humilde unidade)
a ressurreição diária dos anjos.

Restaura em mim a certeza de que a folha voando é seu indomável
[divertimento
pois às vezes sinto que meu primeiro verso foi murmurado talvez
sem que eu soubesse, por um anjo
perturbado com o meu ar desesperado de papel em branco.

Não é a manhã, depositando a semente de alegria no coração [dos homens.
Não é a vida, cântico triunfal descendo sobre as almas.
Não é o poeta, subindo pelos andaimes de carne da lembrança
[de uma mulher.
São os anjos, que vieram ligar-nos mais uma vez
à ordem eterna e à anunciação.
Não nos libertaremos jamais desses anjos
feitos de terra e mar, celestes criaturas
que deixam cair em nós o sol da harmonia.

É inútil matar os anjos.
Eles são invisíveis e traiçoeiros.
De repente, quando nos sentimos seguros, já não somos
os consumidores de instantes, e estamos
entre o Dia e a Noite, no umbral
de uma eternidade vigiada pelos anjos." (1)

Lêdo Ivo




(1) IVO, Lêdo - Uma lira dos vinte anos. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1962. p. 67,68.

15.6.07

Justificação do Poeta (Lêdo Ivo)


(fotografia dos poetas surrealistas franceses)

"Pai, meus pensamentos não cabem na tua sala com piano tranquilo
[a um lado e escuras cadeiras vazias perto da janela
meus inquietos pensamentos não cabem na saleta com flores
[morrendo nos jarros e paisagens sorrindo nas molduras
deixa que eles atinjam além das cortinas azuis e caminhem para
[muito além das janelas abertas
deixa que eles se misturem com o calmo luar
não te importes se os outros se espantam com teu filho de olhos
[vivos e cabelos sempre desalinhados
não te importes se recito poemas quando a noite cai
o tempo não existe na alma do poeta
tudo é universal e abrange todos os tempos
os poetas, meu pai, são os corações do mundo
são as mãos de Deus escrevendo os poemas do mundo inseguro
não importa, pai, que digam que sou louco
que choro debruçado nas pontes e me comovo nos teatros
que pergunto pela obscura Adriana quando a madrugada desce
em silêncio
em silêncio

os poetas são os pianos do mundo
só eles permanecerão inalteráveis diante das musas e de Deus
só eles terão a noção da agonia do mundo
ontem um menino espanhol foi despedaçado por uma bomba
amanhã se encontrarão poemas no bolso do suicida sonhador
enquanto isso os guindastes trabalham incansavelmente dia e noite
e os operários fatigam os braços e as pernas
nenhuma oscilação haverá na Poesia
ela ficará em equilíbrio porque os ritmos a amparame Adriana não se prostitui.

Sou um comício. Sou uma revolução. (1)


Lêdo Ivo





(1) IVO, Lêdo - Uma lira dos vinte anos. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1962. p. 52,53.

Lugar aos Outros (programa de Luís Gaspar)

Amigos, o Luís Gaspar, que transmite o excelente programa de divulgação poética Lugar Aos Outros, leu os meus poemas. Estão excelentemente lidos e foi tão bom, tão bom ouvir as minhas coisas na sua voz!

Partilho com vocês a experiência:

http://www.estudioraposa.com/index.php?id=214

Obrigado, Luís Gaspar, pelo que faz pela nossa Poesia. Nós já chegámos às estrelas quando o ouvimos!

Um grande abraço
Jorge Vicente

14.6.07

In Nomine


(quadro de John Ruskin, "Talloires, Lake Of Annecy", s/d)

3.
"na noite em que esta infância caberia,
noite haveria sempre" (1)

Lêdo Ivo


na mais antiga noite do mundo,
silêncio haveria sempre,
silêncio de palavras,
como se a rocha ainda não esvaziasse
o sentido da pele,

da pele clara e seca da terra,
da terra simples e boa
que os antigos cultivavam ao raiar da treva.

na mais antiga noite do mundo,
só restaria a pedra e o mar
encapelado da palavra
encoberta.

Jorge Vicente


(1) IVO, Lêdo - Uma lira dos vinte anos. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1962. p. 36.

13.6.07

O Bombeiro (Lêdo Ivo)


(quadro de Paul Gauguin, "Sermon")

"Os vespertinos de hoje divulgam ràpidamente a morte do
[bombeiro João Cristóvão da Silva
ocorrida durante o violento incêndio de ontem.
Nunca mais o veremos em seu carro vermelho
junto a escadas que subiam para o céu e para o fogo.

No Méier, alguém chorará o companheiro morto.

Ele lutava contra o fogo. E amava o perigo.
Salvou crianças, e uma fotografia o surpreendeu sobre um telhado
[que desabava.
Era o marinheiro do fogo.

No Méier, restará a companheiraque João Cristóvão da Silva acariciava com as suas mãos
[ainda quentes
de incontáveis incêndios dominados,
um talher curvado sobre o silêncio
e os vespertinos onde se fala
daquele que a morte roubou ao feérico anonimato.

João Cristóvão da Silva, a única vítima do impressionante
[incêndio de ontem,
evitou que rosas fossem devolvidas pelo fogo à sua presença
[incriada
e trabalhava imparcialmente, salvando ao mesmo tempo o piano
[e a fruta, os arquivos judiciários e as cadeiras de balanço.
Purificado pelo fogo e citado pela ordem do dia,
hoje ele é apenas uma composição mineral.

De agora em diante, quando houver incendios,
haverá no carro vermelho dos bombeiros um lugar vazio.

Em memória desse profissional do fogo ontem desaparecido
numa igreja do Méier alguém se ajoelherá
e pedirá a Deus que livre o bombeiro
do outro fogo" (1)

Lêdo Ivo (1924 - )


(1) IVO, Lêdo - Uma lira dos vinte anos. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1962. p. 39, 40.


Lêdo Ivo é, segundo as palavras de Wilson Martins, o responsável pelo regresso da emoção à poesia brasileira que estava, na altura, impregnada de certos tiques modernistas que a tornavam mais técnica e escolar. O seu primeiro livro de poesias, As Imaginações (1944) foi importante para esse reavivar emocional. Lêdo Ivo foi sempre bastante crítico da poesia divulgada pela Geração de 45, que considerava um mostruário de banalidades, falsa profundidade e academismo.(retirado do site http://www.revista.agulha.nom.br/wilsonmartins136.html)


Jorge Vicente

10.6.07

Jean-Arthur Rimbaud




(quadro de Oskar Kokoschka, "Die Windsbraut", 1913)


"Je suis maître en fanstasmagories" (1)



Jean-Arthur Rimbaud (1854-1891)





















(1) RIMBAUD, Jean-Arthur apud IVO, Lêdo - Uma lira dos vinte anos. Rio de Janeiro: Livraria São José, 1962. p. 10.

9.6.07

In Nomine



(quadro de Toulouse-Lautrec)

2.
procuro corpo nevoeiro
na imensidão da pele,

como se fosses simulacro
de carne e de fogo

o verso dobrado no
espanto da língua.

são as palavras, e não o toque,
quem vibra na destruição

do prazer.

Jorge Vicente





His Dark Materials







(imagem do filme The Golden Compass, de Chris Weitz, a estrear este ano)


e então lyra sobrevoou o espaço entre os dois mundos, com pantalaimon ao seu lado. lyra e o seu pequeno génio, uma espécie de daimon moderno, trazida aos recantos da fantasia contemporânea, pela mão de philip pullman

o livro em questão chama-se mundos paralelos: os reinos do norte e é uma pequena obra-prima no domínio da literatura de fantasia. muito imaginativa, reúne em si a teologia, a filosofia, a física quântica, o livro de aventuras, a fantasia propriamente dita, etc. e é recomendado a miúdos e graúdos e quem se quiser embranhar nos reinos do sonho e da imaginação

porque o Pó inunda-nos e porque somos alimentados pelo nosso pequeno génio (daimon) que nos ama sem vacilar

Jorge Vicente

7.6.07

Philip Pullman




(quadro de Otto Dix, "Friedhof In Untermhaus", 1913)

"os seres humanos não conseguem ver uma coisa sem desejarem imediatamente destruí-la. Isso é o pecado original"(1)

Philip Pullman (1946 - )











(1) PULLMAN, Philip - Mundos paralelos: os reinos do norte. 4ª ed. Barcarena, Presença, 2004. ISBN 972-23-3059-4. p. 323.

3.6.07

In Nomine




(fotografia de Florence Henri, "Jeanne Lanvin Perfume", 1929)


1.
os homens são donos do tempo breve, da eternidade que vibra como promessa de pegada

tudo o resto são as rochas. e a areia. e o movimento de dois amantes que ouvi amar quando fogo

e terra

e espuma

e todas as palavras que escrevi


no limiar da ábside


negra

Jorge Vicente


P.S. Estes poemas são uma espécie de exercício poético onde tento não constranger as palavras. Se soar bem, óptimo. Se não, não importa.