Terra da Abundância (Wim Wenders)
(imagem do filme Terra da Abundância, de Wim Wenders)
Serão os Estados Unidos a terra da abundância onde nada faltará, onde as oportunidades de emprego e de riqueza surgem, quase que caídas de uma montanha imensa? Serão os Estados Unidos a terra da prosperidade, onde o sonho americano é muito mais do que um sonho, é a construção de um futuro real e ideal, o tal Paraíso que, desde sempre, levou milhares de imigrantes a desembarcarem nas margens do rio Hudson? Serão os Estados Unidos a terra da justiça, da liberdade, da grande verdade que convive diariamente com os desalojados do mundo inteiro?
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(imagem de Terra da Abundância, de Wim Wenders)
Provavelmente, tais ideais não passarão de balelas e apelos ingénuos de sonhadores que acham que o mundo é perfeito e que os Estados Unidos serão o paraíso sonhado por muitos e muitos anos. Pois bem: depois do 11 de Setembro, tal esperança ruiu. Aquilo que vinha caindo progressivamente, caiu de vez e a América não é mais o paraíso dos Antigos. Agora, é considerado o cancro do mundo, com o medo e a violência estampados no rosto de um Presidente que mais não faz do que pôr para fora da boca os medos nacionalistas dos americanos. Mas, felizmente, para muitos, continua a ser a democracia por excelência, o "meu país" segundo as palavras de Lana, a personagem interpretada por Michelle Williams. Um país que, apesar dos defeitos, ainda é o país das oportunidades.
Neste filme de Wim Wenders, Terra da Abundância (Land of Plenty), apresentam-se as feridas causadas pelo 11 de Setembro de um modo como eu nunca vi. John Diehl é perfeito no modo como representa "Uncle Paul", o ex-combatente do Vietname que persegue terroristas um pouco por todos os Estados Unidos com vista a desmantelar células terroristas. Claro está que quase todos os árabes que ele considera terroristas são pessoas normais, com problemas e que a paranóia está apenas na sua cabeça. A ajudá-lo está Lana, a sobrinha missionária recentemente regressada do Médio Oriente. Juntos, nadam nas feridas de um país que se quer revitalizado e novo, mas que insiste em perseguir inimigos imaginários. É provavelmente um país que tem medo de se desenraizar.
Jorge Vicente
1 comentário:
deixo um abraço, jorge.
ainda não vi o filme, mas certamente não o vou deixar «escapar».
obrigada,
por partilhares.
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