30.1.12

uma réstia de caminho



(fotografia de a. audrey bodine, "tangier sound" (1948)


"uma réstia de caminho,
até alcançar o passo dos homens

umas vezes, solene
outras, com aquele grito de
quem chora perante a paisagem,
o momento vermelho da destruição
do sol

outras vezes, mais acelerado
como se o tempo dependesse da
condição humana

por vezes, lento e arrastado,
sem olhares fixos e demorados,
sem paixão,
beijando o corpo e escrevendo
a saudade na ombreira da porta

noutras vezes, carregando a madeira
para a casa do outro lado da estrada,
não pensando em nada para além do inverno
e da própria destruição das coisas,
impermanentes como o teu sorriso

talvez seja o rio o limite entre dois
corpos e o caminho seja sempre feito de
fogo

não te desejo apenas numa fotografia,
mas dobrada sobre o sol,
abraçando o verso." (1)

jorge vicente



(1) VICENTE, Jorge - Ascensão do fogo. São Mamede de Infesta: Edium Editores, 2008. p. 35.

6 comentários:

Fá menor disse...

Que haja sempre uma réstia para abraçar um verso.

Bjo

Sandra Gonçalves disse...

Nossa maravilhoso teu poema...Lindo de se ler e de se viajar nas palavras. Bjos achocolatados

Rubens da Cunha disse...

Oi Jorge,
obrigado por seu comentário no Casa de Paragens. Vindo de um poeta com a sua leitura e a sua criatividade estética me deixa honrado e aumenta a minha responsabilidade :)

abraços e obrigado novamente pela leitura

jorge vicente disse...

Você merece, meu amigo!

Muitos abraços e até já!
Jorge

jorge vicente disse...

Querida Sandra,

maravilhosas foram as tuas palavras!!!!

Muitos beijos com sabor a chocolate!
Jorge

jorge vicente disse...

E que abraço, querida Fátima!!!

Muitos beijos
Jorge