a noite abrir-nos-á
(quadro de gottfried helnwein, "untitled (the disasters of war 6)", 2007)
16.
entre as montanhas do velebit
e os lagos de plitvice,
os maravilhosos lagos de água
silenciosa e pura
que tornam famosa toda a região
nordeste da croácia,
entre essas cordilheiras brancas,
que protegem a costa do vento,
e os lagos: imensos socalcos de
árvores e jardins, turistas e
jovens homens de negócios,
entre o cume do mundo
e o ar da chuva que consome plantas,
animais, seres do interior da terra
e dos livros de fantasmas de toda
a região norte,
entre esse mundo e o outro
mais perfeito,
muitas campas rasas escolhem
o seu lugar junto à estrada.
dizem: não houve dinheiro para fazer
um jazigo que pudesse celebrar
a vida daqueles que, em tempos,
trabalhavam de solo a solo e que
amavam, dançavam, riam e comiam
no ajuntamento das estrelas,
entre as montanhas do mundo mais
à frente e dos lagos que tocavam os
seus dedos.
dizem: não houve tempo para
celebrar e para regressar à
verdadeira génese das plantas
e dos solos. apenas
se amontoam crianças, velhos
e os homens que amavam e riam
e dormiam no colo dos pais.
entre as montanhas do velebit e as
águas de plitvice, não há mais
lugares de memória.
jorge vicente
4 comentários:
jorge, linkei o amoralva lá no estações. sempre novidades boas aqui hein? e é bom ler sua poesia. abraço, isaias
E no entanto, existe poesia.
entre. A tua.
Obrigado, amigo!
Um grande abraço
Jorge
a tua também :)
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