PoPoetry
(pintura de henri fantin-latour, "la rêverie", s/d)
5.
cubo
(para o eugénio outeiro e o vincenzo natali)
pergunto-te a ti, sara, se da voz
te fazes labirinto e procura incessante
dos dedos. pergunto-te se sentes
dúvidas, se amas a água, o cubo
fechado, o não sei quê de irracional
que se encontra no interior do
ventre materno.
pergunto-te se calas os homens
quando te aproximas com um
alguidar branco, às vezes é difícil
amar quando as perguntas que
fazemos não formam eco: a empatia
do corpo e dos olhos.
pergunto-te, sara, se a fortaleza
existe, se somos estrelas ou bem-
aventurados no interior de um
labirinto sem chão: o ventre materno
permeia a água e dá um pouco
de si à chuva que cai abundantemente
da minha / tua janela.
pergunto-te se os rios que correm
fazem perguntas: um poema não
precisa de respostas nem de velhos
pontos de interrogação que evitam
a sua fragilidade intocada.
todo o labirinto / cubo / espaço mágico
é um misto de peles e de pontos
sagrados: não se permite conhecer,
apenas sobrevoar pelo dom da vida.
jorge vicente
14 comentários:
o ventro materno é nosso primeiro colo.
gostei muito.
um abraço
luísa
muito bonito, jorge. a sara, seja ela quem for, é antes de mais uma palavra, que aqui, neste poema, é a mais bela, e a quem todas estas perguntas são dirigidas... sei que ela te responderá. gostei muito! um grande beijinho.
Uauuuuuuuuuuu...
amei. Literalmente!
Caramba, que belas palavras, colocadas uma depois da outra em total sintonia.
ADOREI..
agora sou seguidora assídua!
pode?
rs
beijos transatlânticos!
=)
Há um realismo poético que me deixa impressionada e de pêlos arrepiados;)
.
Caro Jorge,
Não sou crítico de Poesia nem a tal me atrevo, mas gostei muito de ler estes poemas.
Parecem-me denotar uma profunda sensibilidade pelo mundo, e isso é muito bom. Dá-lhes imensa consistência e solidez.
Vai dando notícias e continua em frente!
Abraço
.
muito bom meu velho.
fiz um poema pra ti e vou jogar no meu blog depois.
abração.
ca.
Obrigado pela visita ao Casa de Paragens. Belíssimo poema esse seu... gosto muito da dicção da poesia portuguesa contemporânea.
Excelente!
Abraço.
Ainda hoje cheguei ao meu blogue -que se actualiza como eu, aos impulsos e quando calha- e li o teu comentário, amigo Jorge.
Não posso menos que vir aqui agradecer. Na verdade, o teu poema conseguiu emocionar-me. Há nele imagens curiosamente condizentes com outros poemas da mesma série (Sara) que naquela época escrevi e nunca chegaram a ser publicados.
Estou a tentar tirar do teu comentário o ter endereço de correio para compartilhar contigo pelo menos um desse poemas.
Mais uma vez, obrigado.
os rios que correm dão sempre para o ventre materno, luísa, a nossa mátria.
um grande abraço
jorge
um grande sorriso, alice.
um abraço enorme
jorge
obrigado, vera :)
um grande beijinho
jorge
obrigado, zé.
um grande abraço
jorge vicente
tu mereces, amigo.
um grande abraço
jorge vicente
Enviar um comentário