Desencontros (John Curran)
(imagem do filme Desencontros - We Don't Live Here Anymore, de John Curran)
O cinema norte-americano é, sem margem para dúvidas, o melhor cinema do mundo, apesar dos excessos hollywoodescos da maior parte dos filmes exportados para a Europa e para o resto do mundo. Ou seja, existe um universo em cada esquina, em cada recanto escondido e onde se podem encontrar pérolas, às vezes pequeninas, outras maiorzinhas (como este filme de John Curran, Desencontros), outras do tamanho do Universo Maior (como o filme Podes Contar Comigo, de 2000).
Existe o mito de que o cinema estrangeiro é mais artístico, um mito que tem um não sei quê de verdade, mas se repararmos para o mercado de vídeo, notamos que o cinema francês que aparece nos escaparates não é assim tão bonito ou artístico como aquele que é vendido pelo King, pelo Nimas, pelo Quarteto ou por todos aqueles cinemas alternativos que a nossa cidade de Lisboa tem. Provavelmente, cinema é apenas cinema e não deve ter nacionalidade, mas custa ver certos filmes ignorados e remetidos para o vídeo ou para o esquecimento.
O filme que vi ontem é um caso perfeito disso. Chama-se Desencontros (We Don't Live Here Anymore, no original). É um filme norte-americano datado de 2004, muito interessante, embora discreto. Realizado por John Curran, conta com as participações de Mark Ruffalo, Naomi Watts e Laura Dern. É essencialmente um filme sobre pessoas, sobre sentimentos e emoções reais, sem concessões ao que a indústria de Hollywood nos tenta impingir. E isto é outro mito. Hollywood não equivale a cinema norte-americano. É apenas uma das partes. Mas, voltando ao filme, é um filme sobre pessoas e sobre o adultério. Narra a vida de dois casais, Jack e Terry Linden; Hank e Edith Evans. Jack tem um caso extra-matrimonial com Edith. Hank gosta e admira Terry.
E são essas vidas que nos atravessam os olhos. As dúvidas, os rancores, a aceitação, a partilha, os olhares. Isto apesar de o filme Podes Contar Comigo, que também conta com a participação de Mark Ruffalo, ser melhor. E com emoções mais fortes. Um autêntico filme de pele.
Jorge Vicente