1.12.08

a noite abrir-nos-á



(fotografia de helen levitt, "james agee, new jersey"


5.

responde-me se ouvires os pássaros, ou se do teu interior a voz é de guerra, um silvo constante, o boum das palavras grandes, das palavras santificadas pelo uso, mesmo que o uso seja o apanágio da noite - aquela noite que não pertence a ninguém, é apenas nossa e da paisagem que nos cerca:

uma casa,
a ribanceira entre as casas,
um abrigo onde o pastor se alimenta,
o caminho milenar por entre as águas do rio,

um trovão é apenas isso: uma voz sobre o alentejo,
um rumor que rompe o guadiana e nos sobra de pele
e de versos entre os relâmpagos.

sei que tudo sobra, mas a casa é só minha.

jorge vicente

2 comentários:

Bandida disse...

digo-te que entre as tuas palavras a lua transformou o feno em água de pele.


beijo enorme, poeta!

O BAR DO OSSIAN disse...

O meu amigo não quer colaborar connosco?... andamos parcos de Alentejo: arca de ouro de poetas.

Abraço lusitano!