a noite abrir-nos-á
(fotografia de helen levitt, "james agee, new jersey"
5.
responde-me se ouvires os pássaros, ou se do teu interior a voz é de guerra, um silvo constante, o boum das palavras grandes, das palavras santificadas pelo uso, mesmo que o uso seja o apanágio da noite - aquela noite que não pertence a ninguém, é apenas nossa e da paisagem que nos cerca:
uma casa,
a ribanceira entre as casas,
um abrigo onde o pastor se alimenta,
o caminho milenar por entre as águas do rio,
um trovão é apenas isso: uma voz sobre o alentejo,
um rumor que rompe o guadiana e nos sobra de pele
e de versos entre os relâmpagos.
sei que tudo sobra, mas a casa é só minha.
jorge vicente
2 comentários:
digo-te que entre as tuas palavras a lua transformou o feno em água de pele.
beijo enorme, poeta!
O meu amigo não quer colaborar connosco?... andamos parcos de Alentejo: arca de ouro de poetas.
Abraço lusitano!
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