2.12.08

haverá uma nesga de céu entre as mãos de quem sofre



(quadro de jean albert mcewen, "hommage au soleil - l'aprés-midi d'un jaune", 1964)


"Não há muito tempo, os blocos operatórios tinham janelas. Era um benefício e uma benção apesar da mosca ocasional que conseguia passar pelas redes e ameaçar a nossa assepsia. Para o insecto aventureiro atraído por um espectáculo tão encantador, um golpe rápido e, já está! A porta para o outro mundo abria-se de par em par. Mas para nós que continuávamos a esforçar-nos, havia a benção do céu, o aplauso e a reprovação da trovoada. Uma consulta Divina estejava nos relâmpagos! E, de noite, nas Urgências, havia a pomba e a longevidade das estrelas para esvaziar o ego de um cirurgião. Não fazia mal nenhum a nenhum doente ter o Céu a espreitar por cima do ombro do médico. Receio bem que, ao entaipar as nossas janelas, tenhamos perdido mais do que a brisa; cortámos uma ligação celestial." (1)

dick selzer


(1) SELZER, Dick apud SIEGEL, Bernie S. - Amor, medicina e milagres. 1ª ed. Lisboa: Sinais de Fogo, 2004. ISBN 972-8541-47-3. pg. 80.



(quadro de rachel gareau, "comme le soleil téclaire", s/d)

"Trabalhar em divisões sem janelas é viver numa selva onde não se consegue ver o céu. Por não haver céu à vista, não há nenhuma visão grandiosa de Deus. Em vez disso, há os inúmeros espíritos fragmentados que espreitam por trás das folhas e sob os riachos. Um não é pior nem melhor do que o outro. Mesmo assim, um homem tem direito ao templo da sua preferência." (2)

bernie s. siegel

(2) idem

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