25.2.14

Transição


2.

não tenho biografia. nem um pouco desse ajuntamento fácil de acontecimentos e experiências,
dessa história, dessa memória narrada que me faz a mim [e aos outros poetas]

não tenho nada disso que se chama idade cronológica
idade fértil experiência de vida hora de entrar e sair do poema

não tenho nem nunca tive história
           [e nem posso ter]

porque a posteridade é uma faca que agarra a pele
e a vivência não pode ser deste tempo
nem do outro que passou,

senão duma presença
encorporada em tempo cenestésico
que acende.


Jorge Vicente

2 comentários:

Graça Pires disse...

Já dizia Miguel Torga: "Um poeta não tem biografia, tem destino"... "porque a posteridade é uma faca que agarra a pele
e a vivência não pode ser deste tempo
nem do outro que passou"
Muito bom, o poema, amigo.
Abraço.

jorge vicente disse...

Obrigado, minha amiga!

Um poeta tem destino e missão e uma eterna condição que o faz viver no Eterno, e não na biografia.

Muitos abraços
Jorge