os pássaros (escrito por José Gil e Jorge Vicente em 2002)
(fotografia de kate breakey, "the kiss", 2006)
OS PÁSSAROS
os pássaros não sabem voar
de costas
voltadas para o céu.
espero-te claro sobre
uma nuvem transparente.
julho é esta mulher transparente
com um coração ao centro, de néon.
ela ouve as canções do céu
e voa por dentro de ti.
os sonhos nascem de costas
para as pessoas. e as pessoas
são como as nuvens,
transparentes, apenas a memória
é opaca e cinzenta como o inverno.
nem sempre poderemos comprar o pão e o circo.
porque os trapezistas são como os pássaros
e se comem não voam. e, se voam, voam
de costas para nós,
voam de frente para o céu.
os palhaços não sabem cantar
de costas para o mundo.
caminho de frente para o sol
e sou o verão, caminhante e aprendiz.
vou desenhando a carvão o traço
de um avião no céu.
vê como é branco o rasto do amor virtual,
branco e azul, arriscado e forte.
perde-te entre as nuvens e, se desapareceres,
como um arco-íris, volta sempre
que a tempestade vibrar no teu pássaro azul.
José Gil e Jorge Vicente
(Junho de 2002)
3 comentários:
Belo o poema, bela a imagem!! Beijos.
Tão bonito. Um pássaro azul já com seis anos que nunca perdeu o encanto.Um ode ao Verão. Enum bálsamo para dias díficeis.
Este poema recorda-me imenso a poesia de Pablo Neruda. O meu escritor preferido por acaso.
Parabéns aos dois.
Beijo
gostei muito deste poema, jorge. um grande beijinho para ti *
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