his dark materials: the subtle knife (philip pullman)
estava já a arrumar as coisas aqui no escritório, a preparar-me para sair, quando reparei que não tinha feito o post sobre o último livro que li: his dark materials: the subtle knife, de philip pullman. este volume é o segundo de uma trilogia que se iniciou com northern lights, já referido neste blog (aqui) e é uma excelente obra de fantasia, recomendada a miúdos e graúdos, mas melhor compreendida pelos mais velhos, porque imbuída de conceitos altamente abstractos e filosóficos. de facto, o que a obra nos transmite é uma inversão dos valores tradicionais da igreja, em que o deus católico é o deus bem-amado, o deus que ama as suas criaturas e que deseja o bem último para toda a sua criação. na obra de pullman, a autoridade (que representa deus) é justamente o contrário: tirana, com a sua hierarquia de anjos, mantendo uma mentira ao longo dos milénios e engando a humanidade. percebe-se, contudo, que aquilo que pullman pretende confrontar não é a figura de deus em si, mas a imagem que a igreja nos transmitiu: o que fica do nosso livre-arbítrio, da nossa liberdade, da nossa capacidade de decisão? porque não a revolta? o conflito aberto?
em suma: é o regresso de lúcifer aos reinos da autoridade, com uma nova vontade, com um novo poder. com uma nova loucura, talvez? o resto fica para daqui a alguns meses, quando acabar o terceiro volume. até lá, vou acompanhar lyra e os seus amigos na demanda de lorde asriel, o novo lúcifer.
jorge vicente
p.s.
existe um filme baseado no 1º volume, com daniel craig e nicole kidman, mas o resultado é tão desanimador que dói. para efeitos comerciais, retiraramm boa parte da história, inclusivamente a parte final que, na minha opinião, é das mais importantes do livro.
9 comentários:
Eu ia adorar ler o livro. Filmes raramente aprecio pela razão que enuncias: retiram sempre o conteúdo mais importante.
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perdi muito aqui para trás.. mas também postas que te desunhas :(
e venho deixar-te um beijinho que vou por uns dias.
Na bagagem apenas o essencial a acompanhar a "Ascensão do Fogo" e o "ciclo menstrual da noite".
Uma combinação explosiva de certeza.
Abraço grande Jorge ;)
é o fogo e é a noite
o espírito e o corpo
grande fim-de-semana para ti e muitos beijinhos
jorge
obrigada Jorge.
pela leitura e pela não desistência.
beijo.
m.: não necessariamente. poderia dar-lhe o exemplo da adaptação cinematográfica de "o senhor dos anéis" - sim, alguns elementos foram retirados (mas o que iria acrescentar tom bombadil ao filme?), outros viram a sua ordem narrativa alterada, e outros foram mesmo alterados. mas isso deve-se ao facto de as narrativas literária e cinematográfica se socorrerem de linguagens necessariamente diferentes. tolkien não ficaria decerto decepcionado com a obra de tolkien - quanto mais não fosse, pela beleza dos cenários, ou pelos brilhantes desempenhos de ian mckellen, viggo mortensen ou elijah wood.
o que, evidentemente, não acontece na adaptação de "the northern lights". o jorge tem razão na crítica que faz (e que eu também fiz no meu blogue quando o filme estreou). o problema, a meu ver, nem é tanto o desfecho ter sido cortado (quando, curiosamente, aparecia no trailer - creio que a sequela, a ser filmada, começará com essa cena, para dar um efeito "batalha de gandalf contra o baelrog de morgoth em mória, o que é um disparate pois cortaram o clímax do filme). o problema é a história ser basicamente narrada em "fast forward" até à chegada da lyra a trollesund. não há desenvolvimento de personagens, e faltam outras muito importantes para as sequelas (lord boreal, por exemplo). algumas cenas viram a sua ordem trocada sem que isso fizesse qualquer sentido. e na introdução (também muito, mas mesmo muito inspirada n'"o senhor dos anéis", reparou?), disse-se demasiado. enfim, salvam-se os efeitos especiais, que por mais espectaculares que possam ser nunca irão, por si só, fazer um bom filme.
e ena, que me alonguei no comentário. é o que acontece quando o jorge começa a escrever sobre um dos meus livros preferidos! abraço.
john
Muitíssimo obrigada :)
Continuo contudo a preferir a leitura ao filme.
EM "O NOME DA ROSA" tive também a oportunidade de verificar que ler me provocou mais sensação e suspense do que o filme que também foi espectacular. mas mas mas.. são aqueles pequenos pormenores que nos marcaram na leitura
Abraço
contudo, há filmes que são infinitamente superiores aos filmes. um exemplo: alguns filmes de john ford foram inspirados em pequenos livros de cowboys vendidos nos quiosques, livros esses que eram de pouca qualidade e que john ford transformou em autênticas obras de arte.
um beijo
jorge
m.: concordarei sempre consigo, salvo algumas excepções (como as que o jorge mencionou). mencionei o filme d'o senhor dos anéis, que achei extraordinário; contudo, os livros são claramente superiores. lá está, linguagens diferentes :)
e depois há adaptações francamente más. o northern lighs, que tem uma história fantástica, foi uma delas.
o nome da rosa ainda não vi ou li - ando com isso na lista há demasiado tempo . . . .
enquanto houver palavras é pelo preto no branco e vice-versa... a constante luta entre o sim e o não... porquê?... porque sim!
beijo jorge!
O lúcifer é bom: permite crimes perfeitos. :-)
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