metropolitan (whit stillman)
nova iorque. início dos anos 80. a era dos yuppies e das festas da alta burguesia. a era onde os ideais defendidos pelos hippies já eram apenas memória. é neste ambiente que whit stillman escreveu aquele que é um dos mais importantes filmes independentes norte-americanos dos anos 90: metropolitan. sem o apelo ousado e avant-garde de richard linklater e a maluqueira inteligente de kevin smith, fica-nos um retrato social fresco, mas terno de uma juventude em constante declínio. ou pelo menos, uma juventude que se acha ela própria em declínio.
bastante parecido com o estilo de woody allen (basta vermos os créditos iniciais para notarmos a semelhança), este filme é bastante interessante, embora não o ponha nos píncaros, como muitos críticos o fazem. é uma obra importante, mas o mesmo poderia dizer de dezenas de filmes da era de ouro do cinema alternativo norte-americano.
fica-nos, para memória futura, a beleza pura e terna de carolyn farina (no papel de audrey rouget, eterna apaixonada da escritora jane austen), o radicalismo desapaixonado de edward clements (no papel de tom townsend, admirador do socialista fouret), o snobismo triste de chris eigeman (que esconde um aspecto trágico saliente) e o intelectualismo de bryan leder (no papel de fred neff). talvez o problema em relação ao filme, que me impede de o amar, seja o mesmo problema que eu tenho em relação a jane austen: demasiada relevância na crítica da alta sociedade, com os seus problemas, as suas pequenas birrinhas, as suas grandes comédias e pouco realce aos grandes fantasmas que existem dentro do homem. o antídoto para jane austen, ou talvez, um companheiro ideal para essa grande escritora seria o trágico thomas hardy, onde o drama humano e a tragédia atingem o coração de todos os homens.
quem me tira christminster, tira tudo.
jorge vicente
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