12.3.08

a justiça da reencarnação, segundo allan kardec



(quadro de Robert Andrew Parker, "Sunrise", 1976)

"outra dificuldade, no entanto, apresenta aqui o sistema de unicidade das existências. segundo este sistema, a alma é criada no momento em que nasce o ser humano. então, se um homem é mais adiantado do que outro, é que Deus criou para ele uma alma mais adiantada. por que esse favor? que merecimento tem esse homem, que não viveu mais do que outro, que talvez haja vivido menos, para ser dotado de uma alma superior? esta, porém, não é a dificuldade principal. se os homens vivessem um milénio, conceber-se-ia que, nesse período milenar, tivessem tempo de progredir. mas, diariamente morrem criaturas em todas as idades: incessantemente se renovam na face do planeta, de tal sorte que todos os dias aparece uma multidão delas e outra desaparece. ao cabo de mil anos, já não há naquela nação vestígio de seus antigos habitantes. contudo, de bárbara, que era, ela se tornou policiada. que foi o que progrediu? foram os indivíduos outrora bárbaros? mas, esses morreram há muito tempo. teriam sido os recém-chegados? mas, se suas almas foram criadas no momento em que eles nasceram, essas almas não existiam na época da barbaria e forçoso será então admitir-se que os esforços que se despendem para civilizar um povo têm o poder, não de melhorar almas imperfeitas, porém de fazer que Deus crie almas mais perfeitas.

comparemos esta teoria do progresso com a que os Espíritos apresentaram. as almas vindas no tempo da civilização tiveram sua infância, como todas as outras, mas já tinham vivido antes e vêm adiantadas por efeito do progresso realizado anteriormente. vêm atraídas por um meio que lhes é simpático e que se acha em relação com o espaço em que actualmente se encontram. de sorte que, os cuidados dispensados à civilização de um povo não têm como consequência fazer que, de futuro, se criem almas mais perfeitas; têm, sim, o de atrair as que já progrediram, quer tenham vivido no seio do povo que se figura, ao tempo da sua barbaria, quer venham de outra parte. aqui se nos depara igualmente a chave do progresso da humanidade inteira. quando todos os povos estiverem no mesmo nível, no tocante ao sentimento do bem, a Terra será ponto de reunião exclusivamente de bons Espíritos, que viverão fraternalmente unidos. os maus, sentindo-se aí repelidos e deslocados, irão procurar, em mundos inferiores, o meio que lhes convém, até que sejam dignos de volver ao nosso, então transformado." (1)

Allan Kardec


(1) KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos. 90ªed. Brasília: Federação Espírita Brasileira, 2007. ISBN 978-85-7328-086-9. p. 414, 415.

4 comentários:

Anónimo disse...

amigo, cada vez gosto mais das ilustrações que escolhes para o teu amoralva, só começo é a ter muitas saudades de te ler a ti...

beijinho grande *

isabel mendes ferreira disse...

a Terra será ponto de reunião exclusivamente de bons Espíritos, que viverão fraternalmente unidos.

_______________cito_______________

não acredito....mas quem dera....seja....será?????

.

grata pelo convite J.
estarei fora do país nessa data...
:(

lá tenho de esperar outra data.


beijos.
Poeta.

anad disse...

A ilustração é muito bela. Vou voltar sempre. É um blogue com um som fantástico, depois de um dia de trabalho é bom fechar os olhos e ouvir uma boa musica.
Anad

Menina Marota disse...

"...incessantemente se renovam na face do planeta, de tal sorte que todos os dias aparece uma multidão delas e outra desaparece. ao cabo de mil anos, já não há naquela nação vestígio de seus antigos habitantes. contudo, de bárbara, que era, ela se tornou policiada. que foi o que progrediu?..."

E a Vida decorre, tal como o ser humano está a determinar... justa ou injustamente o certo é que, mesmo que nos voltemos a encontrar, que contas daremos por aquilo que fizemos ao Planeta e aos seus Povos?

Um abraço e bom fim de semana ;)