10.1.08

In Nomine



(fotografia de Ted Jones, "Chris #15", 1994)

gabriel. deixa-me escrever-te um poema. um poema que diga do meu nome, da sabedoria inerente a todas as coisas. dessas pequenas palavras que só os justos conhecem, como se fosse algo imanente ao mundo. e partisse dele. e o rebentasse.

deixa-me ser um rebento azul. anterior à terra e à sementeira das águas. nunca poderei ser mãe. nem pai. apenas um invólucro de giz envolto em mil pontos de luz.

deixa-me escrever-te um poema, como se fosse uma carta. ou um rol de pedidos dirigido às mais altas entidades. nunca perceberei o significado de ser pai ou mãe. ou uma terra aberta no desfloramento da alma.

anuncia o teu amor. anuncia-me. e cai. cai como se fosses único, como se a cor vermelha não te afligisse e visses o homem no lugar do anjo.

Jorge Vicente

2 comentários:

Anónimo disse...

tu, meu amigo, és o anjo. o poema em carne e osso. os meus parabéns.

isabel mendes ferreira disse...

curvo-me.





beijos.