Estranhos de Passagem (Dirty Pretty Things)
(imagem do filme Dirty Pretty Things de Stephen Frears)
Jorge Vicente (outra imagem do filme Dirty Pretty Things)
Eu gosto muito dos filmes de Stephen Frears. Eles, normalmente, focam assuntos da vida real de forma despojada e simples, sem muitos artifícios técnicos, sem recorrer aos esteréotipos do cinema de Hollywood. Claro que há excepções, O Herói Acidental com Andy Garcia, Ligações Perigosas, com Michelle Pfeiffer e mais outros filmes que realizou nos Estados Unidos.
No entanto, sempre preferi os seus filmes com o realismo britânico bem vincado, onde o realizador tem a possibildade de explorar de forma crua e dura (e, por vezes, também com humor) a realidade social da Inglaterra ou da Irlanda.
O último filme que vi dele, Estranhos de Passagem (Dirty Pretty Things) é um filme sobre imigração ilegal e sobre o submundo do tráfico de orgãos. Os principais personagens são Okwe, um imigrante ilegal da Nigéria (interpretado por Chiwetel Ejiofor), Senay Gelik, uma empregada turca (interpretada por Audrey Tatou) e Juan, o director do hotel onde Senay e Okwe trabalhavam. Para além da ocupação no hotel, Okwe, durante o dia, era motorista de táxi e Juan fazia operações clandestinas e retirava rins de imigrantes ilegais que desejavam a tão almejada legalização. Segundo a personagem, fazia-se duas coisas boas: dava a legalização a quem precisava dela e salvava-se uma vida já que o rim era destinado a quem precisasse dele. O que é uma atitude perversa e cruel uma vez que nada justifica a mutilação de pessoas, a selvajaria pura e simples, sem moral, para fazer o "bem".
Resumindo: vale a pena ver o filme, é bem dirigido, excelentemente interpretado e a história é fantástica. As únicas reservas são que nem toda a gente tem estômago para histórias deste género.
Jorge Vicente
3 comentários:
O, Jorge, podias ter dito que era este o filme! Já vi e escrevi sobre ele. Gostei! http://bloggingburt.blog-city.com/dirty_pretty_things.htm
Beijos, meiadeleite
Por: Kathleen Gomes (PÚBLICO)
Estranhos de Passagem
Urgente
"O realismo britânico transformou-se em surrealismo sem britânicos. Stephen Frears, o "arrache-coeurs", não se limita a expor um dilema social - a integração dos imigrantes sem papéis -, dá-lhes a visibilidade que lhes é negada, povoando o seu filme inteiramente com eles. Essa é a primeira vingança, a segunda cabe ao argumento, um prodígio de escrita. "Estranhos de Passagem" mete-se abruptamente pelo "thriller" adentro, desferindo o seu programa político sem pedantismos, antes em diálogos cortantes que parecem saídos de um filme de gangsters. A isto acresce um excelente trabalho de actores e a descoberta de um rosto pungente, o de Chiwetel Ejiofor. Um filme urgente."
nietzsche85@hotmail.com
um filme tremendamente urgente e visceral até à medula. excelente.
obrigado pela partilha da crítica de kathleen gomes
um grande abraço
jorge
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