Poema
carrego uma nuvem às costas
como se dependesse de mim
permanecer no silêncio
naquele silêncio
que não se quer rígido
esquecendo-se do propósito de
existir e de alimentar o fogo
sossega-me ver uma casa ao
longe, adormecida no ceptro
de terra abandonada
uma casa caiada de branco, todas
as casas o são, mesmo que os olhos
roubem a realidade
e deus a ignore.
a memória verga todas as coisas,
mesmo o silencioso movimento
da não-existência.
tudo é ilusório.
a casa abraça
a ferrugem dos corpos caiados
de gestos. os dedos movimentam-se
numa sinfonia de trevas.
Jorge Vicente
2 comentários:
Um excelente poema, Jorge.
"a memória verga todas as coisas,
mesmo o silencioso movimento
da não-existência." Gosto muito.
Um abraço.
Obrigado, minha amiga!
Já é um poema muito antigo, de 2008 ou 2007.
Muitos beijos!
Jorge
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