poema
(larkin grimm, retirado daqui)
2.
POEMA PARA LARKIN GRIMM
certa noite, o devandra disse-te:
a tua música é como uma prisão
é como estar fechado num lugar
muito escuro e ouvir o som
eu digo-te: nada do que tu cantas
ou exprimes pela voz pode ser uma
prisão, talvez um ponto pequeno
na grande planície branca
(ou um ponto/deserto, uma esfera
demoníaca que dissesse ou soubesse
de tudo)
certa noite, disseste ao devandra:
faz-me uma tatuagem no braço direito,
afinal és o arauto de deus, tens uma
barba plena e todos os homens que forem
como tu saltarão por cima de silvas amarelas
e cantarão da voz e dos caminhos do sal
porém, nada disso me interessa
quando ouço a grande voz americana
soletrando uivos de coiote
é provavelmente porque sou animal
de poder numa cidade em desintegração.
jorge vicente