mansões
(pintura de michael abrams, "caeruleus #10", 2011). Retirado daqui.
A estranha sensação de ouvir uma voz,
Ainda que pronunciada nas mais variadas formas.
Um poema, um esconjuro, o grito de um lobo.
A estranha sensação dessa voz se ouvir mais perto.
O coração abater. Mais rápido. Mais suave.
Mais lento que uma pluma beijando a pedra.
Opera-se-me a graça da Natureza.
A estranha sensação de o meu coração desaparecer.
Todo o meu corpo desaparece, só resta a pedra.
Abatem-se os corpos ao som da enxada do espanto.
A estranha sensação de tudo acontecer.
Todo o meu corpo é uma mansão,
Com imensas escadas de Ser.
Só resta a pedra.
Jorge Vicente
in Ascensão do Fogo. São Mamede de Infesta: Edium Editores, 2008.
4 comentários:
Meu querido Jorge, este é um dos poemas que eu gosto mais do teu livro.
Conjugas o ser no verbo do sentir.
«A estranha sensação de o meu coração desaparecer.
Todo o meu corpo desaparece, só resta a pedra.
Abatem-se os corpos ao som da enxada do espanto.»
Lindo, grande poeta. Sabes o quanto admiro a tua poesia.
Bjito amigo em teu coração.
obrigado, querida amiga :)
lembro-me bem como é que surgiu este poema: da leitura de um livro sobre mística. senti quase o corpo estremecer por dentro ao escrevê-lo :)
muitos beijinhos
jorge
uma mansão com enormes claustros .... :)
gostei
TMQ
Obrigado!
Um abraço!
Jorge Vicente
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