in nomine
(mouraria, retirado daqui)
"eu d'esta gloria só fico contente
que a minha terra amei, e a minha gente"
António Ferreira (8)
o meu olhar abarca todo o mural
da cidade, como se ela existisse
apenas em pedra, sem as pessoas
e sem o rumor dos mercadores,
ardendo no repasto dos seus olhos,
ávidos do sacrifício das águas
e pedindo que o país não seja
mais do que um sonho infantil.
lá em baixo, na cidade antiga,
as mulheres da vida encostam os
seios no colo da Virgem e escrevem
poemas, como se de orações fossem
feitas a frieza dos barcos, navegados
por homens e não por peixes.
o olhar da mouraria é feito do meu
olhar, o olhar do castelo na altura
do são pedro, o olhar das gentes que
se enfeitam e que descansam o sal no
coração da areia, esperando que Deus
traga a morte na próxima revolução das
ondas.
Jorge Vicente
(8) FERREIRA, António in RIBEIRO, José Silvestre – História dos estabelecimentos scientificos, litterários e artísticos de Portugal nos successivos reinados da monarquia: 5º volume. Lisboa: Typographia da Academia Real das Sciencias, 1876. p. 295.
2 comentários:
querido jorge, gostei muito do comentário que hoje deixaste n'a tradução. é muito bom poder contar com a tua amizade e as coisas que me tens ensinado :) fico-te grata e mando-te um abraço em amoralva.
(gostei do teu poema, urbano, bairrista, cheio de aromas de lisboa, cheio de ti. beijo grande)
amiga, tu também me tens ensinado muita coisa :)
este poema é quase um poema a cheirar a medieval, renascimento, lisboa antiga, as naus, as caravelas!
um grande beijinho e tudo de bom para ti
jorge
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