mortel transfert ou os subúrbios da alma
(imagem do filme mortel transfert)
a primeira vez que tive contacto com o cinema de jean-jacques beineix, ainda que indirectamente, foi através do seu filme a diva e os gangsters (diva, no título original). penso que a minha avó, já falecida, ainda teria a sua casa em sintra e terá sido numa das minhas estadias que teria visto a notícia da estreia do filme. ainda com os meus 10/11 anos, tinha-me encantado com o tom quase fantástico que as imagens transpareciam ainda que reproduzidas numa notícia de jornal (teria sido o dia? o música & som?). de qualquer maneira, nunca mais me esqueci do título e da força das imagens, apesar de não me recordar muito delas.
agora, aqui há pouco tempo, reparei que jean-jacques beneix realizara outro filme, transferência mortal (mortal transfert), de 2001 e disponível no mercado de dvd's. vi o filme. confesso que agora estou um pouco mais habituada a essas imagens fortes e que já pouca coisa me encanta como me encantavam e seduziam as imagens que via nos meus 10 anos, ainda que não percebesse o que elas queriam transmitir. talvez seja a perda de encantamento a que mario perniola já referiu. mas adiante: o filme é interessante e gostei das imagens surrealistas, da história, das mulheres. gostei menos de algumas partes de humor. mas, sempre tinha ovidie, la jeune maîtresse du séxe français, as belas valentina sauca e hélène de fougerolles.
a história: michel durand é um psicanalista que passa os dias enfiado entre várias casos: os lamentos de uma professora de matemática e olga kubler, cleptomaníaca e adepta do sado-masoquismo. numa das sessões, sem querer, adormece e, quando acorda, encontra-a morta, estrangulada. terá morto acidentalmente a paciente, quando estava a dormir (sonambulismo), terá sido alguém? as dúvidas são muitas.
eu ainda vou ver se destas imagens o poema acontece.
jorge vicente
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