(fotografia de ângela ferreira, "casa de colonos abandonada", 2007)
hermínio martins escrevia isto em 1971. em 37 anos, muita coisa mudou:
"Portugal não é uma sociedade «plural». Um estudo comparativo das sociedades europeias mostra que Portugal se caracteriza por um grau invulgar de homogeneidade nacional. Tal descoberta é válida se tivermos em consideração a homogeneidade racial, étnica, linguística, religiosa ou cultural e é igualmente válida quando comparamos Portugal com outras sociedades, pequenas ou grandes, da Europa Mediterrânica ou do Noroeste. Esta importante particularidade societária foi obscurecida pela maior proeminência internacional do anómalo estatuto imperial de Portugal. Na realidade, historicamente, Portugal caracteriza-se por um baixo nível de diversidade etno-cultural interna, pelo menos igual, se não inferior, ao nível de diversidade dos outros impérios europeus. Mas, contrariamente às outras ex-potências imperiais, ainda não absorveu nenhuma fracção significativa dos seus súbditos coloniais ou ex-coloniais e, portanto, não diversificou a sua composição etno-cultural. Paradoxalmente, para uma sociedade «oceânica», Portugal tem tido bastante êxito na «exportação» dessa mesma diversidade etno-cultural" (1)
hermínio martins
(1) MARTINS - Hermínio - MARTINS, Hermínio - Classe, status e poder e outros ensaios sobre o portugal contemporâneo. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais, 1998. ISBN 972-671-051-0. p. 99.
como já foi dito atrás, muita coisa mudou nos últimos 37 anos. portugal está mais diverso, deixou de ser um país apenas de emigração para ser, cada vez mais, um país de imigração. em 37 anos, recebemos muitos africanos vindos das ex-colónias, muitos brasileiros, muitos europeus de países como a ucrânia, roménia, etc. mas, será que estamos mais integrados? será que essa homogeneidade cultural de portugal se mantém?
jorge vicente