1.6.08

some of the history repeating



(fotografia de tina modotti, "march of workers, may 1st", circa 1926)


"em 1935 e em 1936 foram promulgados decretos-leis que transformaram todo o sector do emprego público numa reserva de pessoas de provada fidelidade política. era pedido o juramento de fidelidade a todos os indivíduos pertencentes ao funcionalismo público propriamente dito, aos professores, aos funcionários do aparelho corporativo, etc. introduziram-se penas estranhas à jurisdição da normal lei administrativa sujeitas ao poder discricionário do conselho de ministros." (1)

hermínio martins





(1) MARTINS, Hermínio - Classe, status e poder e outros ensaios sobre o portugal contemporâneo. Lisboa: Instituto de Ciências Sociais, 1998. ISBN 972-671-051-0. p. 42, 43.


é interessante este aspecto do estado novo, se o compararmos com a realidade presente. apesar de termos liberdade, o governo toma decisões anti-democráticas (como obrigar os militares reformados a estarem sujeitos à disciplina militar, disciplina essa que obriga os militares no activo a não emitirem certas opiniões); apesar de acharmos que os cargos admnistrativos não devem ser políticos, aparece sempre um socialista nos cargos mais importantes (ou social-democrata, se for o PSD no governo).

qualquer dia, os professores, os operários, os funcionários públicos e muitos outros trabalhadores serão obrigados a assinar um papel onde jurarão a sua fidelidade ao governo democrático. isto pode parecer um disparate pegado, mas exemplifica bem que a democracia não é algo garantido, nunca é plenamente verdadeira, o povo, muitas vezes, não é ouvido nem achado. bertolt brecht, uma vez, disse que a democracia, muitas vezes, só se desenvolve em ambientes de totalitarismo, onde a repressão obriga ao amor da liberdade. chegando a liberdade, chega também a necessidade de autoridade, a necessidade de organização e, consequentemente, a necessidade do poder, que devora tudo.

jorge vicente

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