9.11.07

Loucura e Espiritismo



(fotografia de W. Eugene Smith, "KKK, North Carolina - Crowd in robes around burning cross", 1951)

"Nos trabalhos corporais, estropiam-se os braços e as pernas, que são os instrumentos da acção material; nos trabalhos da inteligência, estropia-se o cérebro, que é o do pensamento. Mas, lá por se quebrar o instrumento, isso não quer dizer que o mesmo aconteça ao Espírito; este permanece intacto. E, quando se liberta da matéria, continua a gozar da plenitude das suas faculdades. No seu género é, como homem, um mártir do trabalho.

Todas as grandes preocupações do Espírito podem ocasionar a loucura: as ciências, as artes e até a religião são pródigas nessas ocorrências. A loucura tem como causa primária uma predisposição orgânica do cérebro, que o torna mais ou menos acessível a certas impressões. Dada a predisposição para a loucura, esta tomará o carácter de preocupação principal, tornando-se então uma ideia fixa. Esta ideia fixa pode ser tanto a dos Espíritos - em pessoas que se dedicam ao seu estudo -, como a de Deus, dos anjos, do diabo, da fortuna, do poder, de uma arte, de uma ciência, da maternidade, de um sistema político ou social. Provavelmente, o louco religioso ter-se-ia tornado um louco espírita, se o espiritismo fosse a sua preocupação dominante, do mesmo modo que o louco espírita o seria sob outra forma, de acordo com as circunstâncias.

Digo então que o espiritismo não tem privilégio algum a esse respeito. Vou mesmo mais longe: bem compreendido, acaba por revelar-se uma protecção contra a loucura."(1)

Allan Kardec





(1)KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos. 2ªed. Mem Martins: Livros de Vida, 2005. ISBN 972-760-108-1. p.38, 39.

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