Freedom Meditation Music, Vol. III (Valerio Cosi)
(fotografia de Valerio Cosi com Family Battle Snake)
Há discos em que habitamos apenas num certo período da nossa vida, muito específico, numa temporalidade bastante limitada. Vários dias, uma hora, trinta e cinco minutos, dez segundos. Apenas o tempo ideal para nos marcarmos e acertarmos o ritmo do disco ao nosso.
No disco de Valerio Cosi, Freedom Meditation Music, Vol. III, a primeira sensação que tive foi a de uma viagem de comboio. Depois de um período inicial minimalista, pareceu-me ouvir um batuque quase de comboio, quase que a anunciar a chegada a algum lugar. Essa música inicial chama-se: "Little Hymns to the African Glory: 1) Chumbani Mule" e, apenas pelo título, presumo que a chegada foi algures em África, com o ritmo dos batuques e a rigidez fria do saxofone a dominar o espaço. Na segunda música, África continua lá, através de um cântico (milenar?) acompanhado por saxofone e (penso que) órgão. Muito interessante.
Claro que nem tudo o que o disco nos oferece nós aceitamos. A 5ª oferenda musical, "You Can't Pretend to Be Someone" é uma cacofonia e o nosso ouvido afasta-se um pouco, e não gostei quase nada de se misturar momentos melódicos bastante bonitos com partes quase inaudíveis. Por vezes, parecia que não havia (ou não devia haver) meio-termo. E o caminho do meio é essencial.
Já "Blue Green Journeys" é maravilhosa. Uma espécie de meditação jazzística, bastante free e espiritualmente elevada. Aliás, o poder dos instrumentos indianos é incontestável, mesmo que não estejamos a ouvir música clássica indiana. É algo que é intrínseco aos próprios objectos, faz parte deles, pertence-lhes.
Recomendado!
De seguida, uma pequena amostragem da arte de Valerio Cosi, numa actuação ao vivo em Ravenna, no Festival della Palude, conjuntamente com Family Battle Snake e Enzo Franchini:
O myspace de Valerio Cosi aqui
O website de Valerio Cosi aqui
Jorge Vicente
3 comentários:
concordo em ansoluto com o que dizes dos instrumentos indianos. é absolutamente mágico o som.
beijo
é verdade. mágico e verdadeiro. parece tirado do sopro dos deuses
um beijo
jorge
Fantástico, Jorge, muito bom !
Um bj
Maria
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