26.11.07

Concertos que eu fui: Irmãos Catita



(fotografia dos Irmãos Catita)

No dia do concerto dos Irmãos Catita, em 14 de Julho de 2007, muitas actividades interessantes estavam a acontecer por toda a cidade de Lisboa. Para quem ainda não percebeu, esta cidade vibra por dentro, todas as suas artérias têm uma vida imensa que passa despercebida ao mais desatento dos cidadãos. É o Onda Jazz que, todos os fins de semana, alberga músicos interessantes de todos os quadrantes musicais; é o Sítio do Cefalópode, que, infelizmente fechou as portas em Outubro, também um local bastante apeteceível em termos de jazz e de outras músicas. E temos, também, a Galeria Zé dos Bois, com os seus concertos alternativos que acontecem todas as semanas, o Lounge Bar, o Music Box e tantos outros.

Ora bem, nesse dia, 14 de Julho de 2007, decidi ir mais o Vasco ver os Irmãos Catita. Mas, antes, por volta das 17.00 (ou terão sido 16.00?), ainda fomos ao Lisboa Zen. O Lisboa Zen era uma feira alternativa localizada no Jardim Botânico Tropical, aquele junto ao Palácio de Belém. Por volta dessa hora, lá estavamos nós, desejosos de experimentar o que a feira tinha para oferecer. Não era um recinto muito grande, na minha opinião, era pequeno de mais se comparado com um que eu tinha ido meses antes, numa outra feira, praticar biodanza. Mas estavam lá as já tradicionais leituras da aura, o Brahma Kumaris, os livrinhos que normalmente se vendem nestas feiras, etc, etc.

Quando saímos, já era tarde e tínhamos de jantar para podermos ir ver os mui queridos Irmãos Catita, no Cabaret Maxime, por volta das 22.00. Escolhemos um restaurante qualquer na zona de Belém, comemos o nosso pratinho e decidimos partir. Como ainda era cedo, fomos a pé. A sério: a pé de Belém até ao Maxime, passeando pela Junqueira, pela zona do Hospital Egas Moniz, subindo de Alcântara até ao Museu Nacional de Arte Antiga até à velha Calçada do Combro. Foi um estafanço, demorámos mais de uma hora, mas chegámos ao local desejado, às portas do antro de perdição mais interessante da cidade de Lisboa, porque tremendamente kitsch, tremendamente popular, português e, ao mesmo tempo, avant-garde. Afinal de contas, que outra zona de Lisboa alia sabonetes afrodisíacos dos anos 50 com capas de discos de vinil dos Beatles? Só a mente retorcida de Manuel João Vieira, que está estampada no Maxime em todos os cantos.

Ainda esperámos um bom bocado para ver o concerto, bebemos uns sumos e metemos conversa com o porteiro, para saber onde comprar alguns daqueles produtos kitsch que estavam nas montras. Afinal de contas, por detrás de produtos kitsch, existe um verdadeiro arsenal de preciosidades antigas, desde fotografias eróticas a livros do Patinhas, passando por discos em vinil dos Shalamar e outros êxitos disco.

Depois de alguns sumos, o concerto lá começou com o seu som retro e muito engraçado. Não vou estar a aqui a discutir as letras porque o meu blog é muito bem intencionado, mas vale a pena saber que ainda existe alguém neste país a fazer canções subversivas, bem tocadas, bem interpretadas, com um naipe de músicos espectaculdares e que sabem bem o que fazem. Se são os Irmãos Catita ou os Corações de Atum ou mesmo os Ena Pá 2000, pouco interessa. Fazem parte da minha cultura musical portuguesa e da de muitos outros que cresceram no final dos anos 80 e princípios de 90.



(o fado "Fado Barnabé" dos Irmãos Catita)

O site dos Irmãos Catita aqui


Jorge Vicente

2 comentários:

Ana V. disse...

O máximo!! Adorei este post! "Afinal de contas, que outra zona de Lisboa alia sabonetes afrodisíacos dos anos 50 com capas de discos de vinil dos Beatles? Só a mente retorcida de Manuel João Vieira, que está estampada no Maxime em todos os cantos." Lisboa, a maior cidade ... sem dúvida. beijos aos dois
ana

jorge vicente disse...

ainda por cima, quando fui lá pela primeira vez, estava a cuequinha de uma stripper presa num sinal de trânsito! lol

Podia muito bem ter sido uma stripper ou um doido a meter aquilo lá antes de o novo Maxime estar aberto.

Ou, então, foi o doido do Manuel João a fazer uma das suas.

beijos
jorge