22.10.07

The Aristocrats (Paul Provenza)



(Gilbert Gottfried a contar a anedota "The Aristocrats", no filme The Aristocrats, de Paul Provenza)

Nunca imaginaria que, nestes últimos dias, o meu blog tivesse crescido tanto e tanto. Provavelmente, não a nível dos leitores ou dos meros observadores das minhas palavras, mas a nível da necessidade (ou não) de escrever. De facto, tenho escrito sobre tudo: música, citações de livros, um conto/romance que estou a escrever, filmes, etc. A nível da música e do cinema, a obrigação é a de que o filme ou a música estejam inseridos numa corrente alternativa (sort of). De facto, qual o interesse em comentar o último sucesso saído de Hollywood, quando meio mundo já o fez?

Mas, estaria longe de imaginar escrever sobre um documentário que focasse a anedota mais nojenta e asquerosa que já alguma vez ouvi. Essa anedota chama-se "The Aristocrats" e é contada pelos cómicos norte-americanos entre si. É uma espécie de morango no cimo do bolo e, normalmente, o público não a ouve, apesar de, algumas vezes, vir para a praça pública. Quanto à anedota em si, não vale nada. Começa assim: "Um sujeito vai a uma audição e diz ao agente: tenho um número que lhe queria mostrar. Então, mostre". O número contém, invariavelmente, cenas de sexo, pedofilia, incesto, escatologia, restos de corpos a boiar, muito sangue e violência. O que muda é o estilo do comediante e aquilo que ele decide pôr no meio da anedota. De facto, apenas o princípio e o fim da anedota são fixos. O meio é pura improvisação. O cómico diz aquilo que lhe apetece, desde que tenha os pontos mencionados: sexo, escatologia, violência, etc, tudo de maneira literal e obscena. O fim da anedota é o seguinte: "Então como se chama o número? The Aristocrats".

Pessoalmente, não me sentia à vontade em chafurdar na lama e contar a anedota se ela fosse só isso: um monte de porcaria. Cada cómico pode incluir o que quiser. Eu incluiria um pouco de Benjamin Peret. Não, um pouco não. Incluiria o espírito completo de Benjamin Peret, possivelmente um dos escritores mais subversivos de sempre. Afinal de contas, foi ele que escreveu Os Tomates Enlatados ou os Colhões Enraivecidos.

Jorge Vicente

2 comentários:

isabel mendes ferreira disse...

:))))))))))))))))))


brilhante!!!!


olá "anjo amanhecido"



_________________beijo.

obrigada.

Anónimo disse...

Mas escrever é mesmo assim... Depois de se começar, não se consegue parar. Independentemente do suporte. Abraço!