30.6.24
24.3.16
Casa de la Ronda
4.
da minha loucura apenas uma pequena limitação de
espaço: saber que não existem cozinhas suficientes para escrever, saber que o
almoço não está pronto e que faltam ainda muitos anos para que a língua se
transforme num osso suave. é preciso transcender até à pele mais clara, dominar
com exactidão absoluta o que acontece quando as portas se fecham ao mesmo tempo
e quando a jangada é um rito amoroso de compaixão.
Jorge Vicente
escrito por jorge vicente às 22:07 2 comments
18.2.16
Casa de la Ronda
3.
ajuda-me a falar a língua dos anjos, a língua lustrosa e iluminada, a
língua de toda a literatura e de toda a rasa teologia. ajuda-me nessa
língua que não pede nem desaloja nenhuma poética nem nenhuma
sistematização de linguagens. nessa língua sem métrica nem metáforas,
nessa língua das ruas e dos pequenos botequins de esquina, nessa língua
que ensina a gelar um osso e a transformar uma paisagem numa casa e num
quarto. e a inscrever incessantemente um homem no círculo gerado pelas
marés.
Jorge Vicente
escrito por jorge vicente às 20:02 6 comments
15.2.16
[perguntem às altas ondas]
perguntem às altas ondas a alvura de uma alva noite
a leveza branca num branco aconchego
o alto minho na alta montanha mais alta
o bom jesus a boa noite
a boa estrela na branca saudade
são leves são leves as frágeis estrelas
os frágeis ossos
no osso do poema mais frágil.
Jorge Vicente
escrito por jorge vicente às 23:23 0 comments
7.1.16
Casa de la Ronda
Jorge Vicente
escrito por jorge vicente às 13:43 2 comments
Casa de la ronda
já tantos de nós escreveram isto. ou escreveram melhor. ou com mais intensidade. ou com a força de um país aberto às suas próprias veias.
escrito por jorge vicente às 13:42 2 comments
21.10.14
Poema
carrego uma nuvem às costas
como se dependesse de mim
permanecer no silêncio
naquele silêncio
que não se quer rígido
esquecendo-se do propósito de
existir e de alimentar o fogo
sossega-me ver uma casa ao
longe, adormecida no ceptro
de terra abandonada
uma casa caiada de branco, todas
as casas o são, mesmo que os olhos
roubem a realidade
e deus a ignore.
a memória verga todas as coisas,
mesmo o silencioso movimento
da não-existência.
tudo é ilusório.
a casa abraça
a ferrugem dos corpos caiados
de gestos. os dedos movimentam-se
numa sinfonia de trevas.
Jorge Vicente
escrito por jorge vicente às 18:28 2 comments